Tomás Antônio Gonzaga
Tomás Antônio Gonzaga
Símbolo do Arcadismo luso-brasileiro, Tomás Antônio Gonzaga (1744–1807) deixou uma obra marcada pelo lirismo amoroso e pela sátira política. É um dos maiores poetas do período colonial.
Biografia
Tomás Antônio Gonzaga nasceu em 11 de agosto de 1744, na freguesia de Miragaia, no Porto (Portugal). Filho de João Bernardo Gonzaga, magistrado, e de Tomásia Isabel, Gonzaga veio para o Brasil após perder a mãe, quando contava 1 ano de idade. Viveu com o pai em Pernambuco e na Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, retornou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, graduando-se em 1768. Desenvolveu uma formação humanista e clássica, refletindo nos seus escritos princípios do Iluminismo, do Neoclassicismo e do Arcadismo.
De volta ao Brasil, estabeleceu-se em Vila Rica (hoje Ouro Preto), onde exerceu o cargo de Ouvidor-Geral e integrou o círculo intelectual árcade, convivendo com figuras como Cláudio Manuel da Costa. Foi durante esse período que se aproximou de Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, de quem ficaria noivo, e que imortalizou sob o nome poético de “Marília” em sua coletânea lírica.
Em 1789, foi preso no contexto da Inconfidência Mineira, sendo encarcerado na Fortaleza da Ilha das Cobras. Em 1792, em função de sua pena, comutada para degredo perpétuo, Tomás foi enviado para a Ilha de Moçambique, na costa leste africana. Casou-se em 1793 com Juliana de Souza Mascarenhas, filha de um comerciante local, e teve pelo menos dois filhos. Ocupou cargos públicos e reestabeleceu sua vida social e profissional.
Sua principal obra poética, “Marília de Dirceu”, foi publicada em três partes - a primeira em 1792, já no exílio - e combina o bucolismo árcade com reflexões íntimas e até aspectos pré-românticos. Além disso, escreveu Cartas Chilenas, poema satírico de crítica política, e um Tratado de Direito Natural. Gonzaga faleceu por volta de 1810 em Moçambique, consagrando-se como o principal do poeta do Arcadismo.
Obra e poemas
Gonzaga é autor da principal obra do Arcadismo brasileiro, 'Marília de Dirceu', publicada em Lisboa, em 1792. O livro apresenta uma primeira parte de lirismo amoroso, delicado e pastoral, trazendo uma linguagem clássica, métrica regular e forte bucolismo. Nas demais partes, destaca-se o tema da prisão e do julgamento ao qual fora submetido, num tom mais melancólico e com traços pré-românticos.A obra ' Cartas Chilenas' seria publicada postumamente. Uma sátira epistolar, nela Gonzaga critica o então governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses, representado como Fanfarrão Minésio, no cenário fictício de Santiago do Chile.
Poemas de 'Marília de Dirceu' (Lisboa, 1792)
Soneto (parte III) 'Marília, chega' | Lira XIV (parte III) | Lira IX (parte III) | Lira VII (parte III) | Lira IV (parte III) | Lira III (parte III) | Lira I (parte III) | Soneto | Lira XXXVII (parte II) | Lira XXXV (parte II) | Lira XXXI (parte II) | Lira XXIX (parte II) | Lira XXVIII (parte 2) | Lira XXVI (parte II) | Lira XXV (parte II) | Lira XXII (parte II) | Lira XVIII (parte II) | Lira XVII (parte II) | Lira XV (parte II) | Lira XIV (parte II) | Lira VIII (parte II) | Lira V (parte II) | Lira IV (parte II) | Lira III (parte II) | Lira II (parte II) | Lira XXXVI | Lira XXXIII | Lira XXVI | Lira XXII | Lira XXI | Lira XVIII | Lira XVI | Lira XV | Lira XIV | Lira VIII | Lira VII | Lira V | Lira IV | Lira II
Para consultar
Edições digitais de suas obras estão disponíveis em:
Para aprofundar o estudo sobre Tomás Antônio Gonzaga:de LIRA, E. M. (2015). Teoria Moral para o absolutismo: um estudo do Tratado de Direito Natural de Tomás António Gonzaga. Perspectivas: Revista de Ciências Sociais, 46.
de Matos, M. C. (2012). No 2. º centenário da morte do portuense Tomás António Gonzaga alguns problemas historiográficos suscitados pela sua obra: (e algumas questões na área da história da edição). CEM–Cultura, Espaço & Memória, (3).
de Oliveira, A. L. M., & da Silva, F. L. (2014). As instituições retóricas na poesia neoclássica: Tomás Antônio Gonzaga e a eloquência da epistolografia satírica. Verbo de Minas, 15(25), 28-50.
Fernandes, M. J. (2009). A presença de Vergílio na obra de Tomás Antônio Gonzaga. Vernaculum, 1(2).
Grinberg, K. Interpretação e direito natural: análise do tratado de direito natural de Tomás Antônio Gonzaga. Revista de História Regional, [S. l.], v. 2, n. 1, 2007
Hansen, J. A. (1997). As liras de Gonzaga: entre retórica e valor de troca. Via Atlântica, 1(1), 40-53.
Oliveira, G. I., da Silva Cruz, M. P., Leal, E. B. C., & de Jesus, L. R. (2018). O amor em" Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga. A Cor das Letras, 19(1), 82-96.
Ornelas, S. A. V. Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): perfil do jurista de Marília de Dirceu a parti de algumas notas sobre o tratado de direito natural e a carta sobre a usura. Revista Brasileira de História do Direito, 2019, 5(1):44.
Ribeiro Rodrigues, J.; Kelly Pereira de Holanda, L. A construção do ethos em Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga. Revista de Letras - Juçara, [S. l.], v. 5, n. 01, p. 359–372, 2021. DOI: 10.18817/rlj.v5i01.2571.
Rodrigues, A. F. (1998). Tomás Antônio Gonzaga em verso e prosa: comentário de cinco publicações recentes. Revista de História, (139), 119-123.
Trevizan, M. Nos passos dos clássicos: ecos do bucolismo antigo na primeira lira de «Marília de Dirceu». (2011). Caligrama: Revista De Estudos Românicos, 12, 215-235.
