Soneto

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Poema de Thomaz Antônio Gonzaga



Obrei quanto o discurso me guiava,
Ouvi aos sábios quando errar temia;
Aos bons no gabinete o peito abria,
Na rua a todos como iguais tratava.

Julgando os crimes, nunca os votos dava
Mais duro ou pio do que a lei pedia;
Mas, devendo salvar ao justo, ria,
E, devendo punir ao réu, chorava.

Não foram, Vila Rica, os meus projetos
Meter em férreo cofre copia d'ouro,
Que farte aos filhos e que chegue aos netos:

Outras são as fortunas que me agouro;
Ganhei saudades, adquiri afetos;
Vou fazer destes bens melhor tesouro.


Fonte: "Marília de Dirceu", Irmãos Garnier Editores, 1862.
Originalmente publicado em: "Marília de Dirceu", 1792.
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