José Barbosa da Silva (Sinhô)

José Barbosa da Silva (Sinhô), músico pioneiro do início do século XX que contribuiu para a formação da música popular brasileira.

José Barbosa da Silva (Sinhô)

Sinhô foi um dos nomes mais populares do carnaval carioca no início do século XX, autor de canções amplamente executadas.

Biografia

José Barbosa da Silva, conhecido como Sinhô, nasceu no Rio de Janeiro em 1888. Filho de um mestre pintor, que decorava paredes de botequins e clubes dançantes na cidade, ele tinha um irmão de sangue e outro adotado.

A família se mudou para o bairro mais boêmio da cidade, onde Sinhô cresceu junto a outros futuros músicos populares, como João da Baiana. Ainda criança, aprendeu a tocar piano de ouvido. Por incentivo do pai, dedicou-se ao estudo da flauta, mas abandonou o instrumento. Na adolescência, dedicou-se ao cavaquinho, que trocou pelo violão, aprendendo a tocar com o irmão de criação.

Conheceu uma portuguesa que vivia com outro homem, apaixonaram-se e, em 1905, aos 17 anos, passou a viver com ela, união que renderia três filhos. Frequentava as rodas de música das quituteiras da Cidade Nova e Saúde, mas seu temperamento o indispôs junto ao grupo de Pixinguinha, Donga e outros músicos, com quem se envolveria em polêmicas musicais e disputas de autoria.

Para sustento da família, iniciou sua carreira musical como pianista em agremiações carnavalescas e clubes dançantes. Participava de ranchos carnavalescos, organizou um grupo de choro e tocava em bailes de carnaval. Trajava-se sempre de forma elegante, usando terno, gravata borboleta e chapéu.

Após o falecimento da primeira mulher, em 1914, teve um romance com uma funcionária e pianista da Casa Beethoven. Ela escreveu em partitura músicas de Sinhô, levando-as para serem editadas a partir de 1918. É do ano seguinte o seu primeiro samba gravado. Seu nome aparece entre os primeiros compositores de samba a ter composições circulando comercialmente.

Em 1920, passou a viver junto de Nair Moreira, não oficialmente separada, por isso não puderam se casar. Ao longo dos anos, compôs e lançou quase uma centena de músicas, tanto para o carnaval quanto para o teatro de revista.

No final da década, Sinhô contraiu tuberculose. Em função da doença, mudou-se para a Ilha do Governador. Em 1930, atravessando de barca para o Rio de Janeiro, sofreu uma crise de hemoptise, causada pela tuberculose, e faleceu aos 42 anos.

Obras

Volta à palhoça | Sou da fandanga | Só por amizade... | Sem amor | Reminiscências do passado | Pega-rapaz | Não sou baú | Feitiço gorado | Fala macacada | Capinheiro | Canjiquinha quente | Deixe deste costume | Cais dourado | Cabeça é ás | Burucutum | Viva a Penha | Tirando o retrato | Tesourinha | Papagaio no poleiro | Super-Ale | Sempre voando | Sai da raia | Sabiá! | Quem são eles? | Quem pode, pode | Quem fala de mim tem paixão | Quando come se lambuza | O pé de anjo | Ora vejam só | Ó mão de lixa! | Não posso me amofinar | Macumba | Fala meu louro | Fala baixo | De boca em boca | Custe o que custar | Confessa meu bem | Carinhos de vovô | Caneca de couro | Canção roceira | Cada um por sua vez | Cabeça de promessa | Burro de carga | Amostra a mão | Amor sem dinheiro | Alta madrugada | Alegrias de caboclo | A juriti | A cocaína | 7 Coroas

Para consultar

Outras informações sobre José Barbosa da Silva estão no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Estudos relacionados à José Barbosa da Silva:

Bandeira, M. (1990). Duas crônicas e meia. Revista USP, (4), 73-78.
Borges, G. C. C. (2015). A midiatização do samba e a afinidade pela crônica. VI ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA.
dos Santos Barbosa, J. (2015). Rizomas do samba: os mediadores de uma cultura. Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, 12(2).
Leite, R. C. N. (2007). Quem São Eles?: um samba e as suas polêmicas. Anais do XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA.
Mattos, R. C. (2012). A construção da memória sobre Sete Coroas, o “criminoso” mais famoso da Primeira República. Anais do XV Encontro regional de História da ANPUH Rio–Rio de Janeiro, 23.
Milani, V. P. (2017). Que samba é esse: as disputas pela autenticidade do samba. Faces da História, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 258–275
Monteiro, B. M. C. (2009). A sociedade carioca das décadas de 1920 e 1930 a partir do samba de Sinhô. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA.
Romanelli, F. A. (2013). Samba e desacato em Sinhô: "rei" do samba, "rei" da polêmica. Memento, 4(2), 6.
Santo, D. E. (2008). “Samba é que nem passarinho!”. Textos Escolhidos De Cultura E Arte Populares, 5(1). 
Soares, F. E. (2012). “Jura pelo Senhor”?: A ambiguidade religiosa nas canções de Sinhô. Poder e Política: Pensando a Tolerância e a Cidadania Tolerância e a Cidadania, 115.