Silva Alvarenga

Silva Alvarenga, poeta do Arcadismo brasileiro

Silva Alvarenga

Figura representativa do Arcadismo brasileiro, Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749–1814) destacou-se pela busca da naturalidade em sua poesia, valorizando a simplicidade e a expressão. Sua obra introduz elementos depois explorados pelo romantismo.

Biografia

Manuel Inácio da Silva Alvarenga nasceu no Rio de Janeiro, em 1749, e realizou seus primeiros estudos no Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana, importante centro formador da elite letrada mineira. Mais tarde, transferiu-se para Portugal, onde concluiu o curso de Cânones na Universidade de Coimbra em 1776. Durante sua permanência em Coimbra, publicou seus primeiros poemas - entre eles Obras Poéticas (1773) - que suscitaram críticas de representantes do arcadismo português, pouco simpáticos à liberdade formal que o poeta empregava.

De volta ao Brasil, fixou-se no Rio de Janeiro, onde atuou como advogado, além de exercer o cargo de professor régio de Retórica e Poética. Tornou-se figura central na Sociedade Literária do Rio de Janeiro, contribuindo decisivamente para sua reorganização e para as atividades intelectualistas que buscavam promover estudos de literatura, ciências e filosofia. Em 1794, no contexto repressivo que sucedeu à Inconfidência Mineira e à chegada do vice-rei Conde de Resende, a Sociedade foi fechada sob suspeita de difundir ideias liberais, e Silva Alvarenga foi preso, permanecendo encarcerado até 1797, quando foi libertado por falta de provas.

Após a soltura, retomou suas atividades literárias e pedagógicas, mantendo participação ativa na vida intelectual carioca até sua morte, em 1814. A sua poesia harmoniza ideais do arcadismo - a celebração da natureza, o apreço pela simplicidade pastoril - com uma notável musicalidade popular, especialmente evidente em Glaura, característica que a crítica reconhece como prenúncio de certos procedimentos formais explorados pelos poetas do Romantismo brasileiro.

Obra e poemas

A principal obra de Silva Alvarenga é 'Glaura - poemas eróticos', publicada no Rio de Janeiro em 1799. Trata-se de uma das raras manifestações editoriais da poesia árcade no Brasil colonial. Ele também publicou o poema herói-cômico 'Desertor das Letras', em Coimbra, 1774.

Poemas de 'Glaura - poemas eróticos' (Rio de Janeiro, 1799)

Para consultar

Edições digitais de suas obras estão disponíveis em:
As seguintes obras oferecem leituras aprofundadas sobre Silva Alvarenga e sua poesia:
Melo, S. C. (2018). Ambiguidade nas luzes: Silva Alvarenga e o poema herói-cômico no século XVIII. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais (2238-3565), 7(3), 145-158.
Nepomuceno, L. A. (2001). Silva Alvarenga e o elogio da rainha. Todas as Letras-Revista de Língua e Literatura, 3(1).
Peixoto, S. A. (1996). Silva Alvarenga: as armadilhas do sentimento. Revista do Centro de Estudos Portugueses, 16(20), 49-63.
Topa, F., Cataneli, A., Martins, A., Camargo, Áureo, Vieira, G., Marques, H., … Nascimento, N. (2017). Da simples natureza guardemos sempre as leis: a epístola de Silva Alvarenga a Basílio da Gama. Miscelânea: Revista De Literatura E Vida Social, 15, 223–238.