Adélia Fonseca
Adélia Fonseca
Adélia Fonseca destacou-se como uma das raras vozes femininas da poesia brasileira do Romantismo. Sua obra é exemplo de como a sensibilidade feminina encontrou expressão literária num período de forte dominação masculina no campo das letras.
Biografia
Adélia Josefina de Castro Fonseca nasceu em Salvador, Bahia, em 24 de novembro de 1827, filha de Justiniano de Castro Rebello e Adriana de Castro Rebello. Proveniente de uma família ligada às atividades agrárias do Recôncavo Baiano, recebeu educação esmerada para os padrões femininos da época e, apesar das restrições impostas às mulheres no século XIX, integrou-se às rodas literárias baianas, escrevendo e publicando poemas desde a juventude.
Casou-se com o oficial da Marinha do Brasil Inácio Joaquim da Fonseca, passando a assinar Adélia Fonseca. Ao longo da vida, colaborou intensamente com periódicos da Bahia e do Espírito Santo, consolidando-se como figura reconhecida na cultura letrada regional. Sua poesia - marcada pelo tom introspectivo, pela expressão afetiva e por imagens de delicada sensibilidade - recebeu comentários elogiosos na imprensa oitocentista, inclusive por parte de Machado de Assis, que registrou apreço por sua veia lírica.
Nos últimos anos, ingressou no Convento de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde assumiu o nome de Madre Maria José de Jesus. Ali viveu de forma recolhida, mantendo, contudo, sua ligação espiritual com a escrita e a reflexão religiosa. Faleceu em 9 de dezembro de 1920. Sua trajetória - marcada por persistência intelectual num ambiente que marginalizava a atuação feminina - tornou-se referência nos estudos sobre escritoras brasileiras do século XIX e XX, contribuindo para a recuperação crítica do lugar das mulheres na história literária do país.
Obra e poemas
Do livro 'Ecos da Minh'alma', Tipografia Camillo de Lellis Masson, 1866.Uns olhos | Trecho de 'Dor e esperança' | Trechos de 'Eu te amo' | Ao sr. Visconde da Pedra Branca | Teus Olhos | À fontinha | Porque te amo | Trecho de 'O delírio' | Fala-te? | Minha lira | A saudade | Meus desejos | Do que gosto | Como tu és
Para consultar
Edição digital de sua obra está disponível em Biblioteca Brasiliana USP.
Alves, I. Liberdade e interdição. Pontos de Interrogação – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Laboratório de Edição Fábrica de Letras - UNEB, v. 2, n. 1, p. 119–134, 2015.
Alves, Í. (1999). As escritoras baianas do final do século XIX.
Alves, Ívia. Interfaces: ensaios críticos sobre escritoras. Ilhéus, Ba: Editus, 2005
Cunha, H. P. (2017). Escritoras baianas dos oitocentos enfrentando preconceitos. A Cor Das Letras, 4(1), 29–38.
Mussulini, D. (2018). A figura feminina na “Semana literária”, de Machado de Assis. Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 24, 65-76.
Pinheiro Chaves, V. (2018). Recepção e fortuna crítica de escritoras brasileiras no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro. Miscelânea: Revista De Literatura E Vida Social, 24, 99–126.
Soares, Francisco S F. (2017). Adélia Fonseca e Maia Ferreira – intertextualizações partilhadas.