Porque te amo

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Poema de Adélia Fonseca



Eu te amo porque és bela
         E singela
         Como a estrela
Do matinal, primo albor,
Quando a aurora, aparecendo,
         Vai perdendo,
Vai perdendo o seu fulgor.

Porque és como a fonte pura
         Que murmura
         Com doçura
Por seixinhos discorrendo;
Como entreaberto jasmim
         Num jardim
Grato aroma rescendendo.

Porque tens nos olhos divos,
         Expressivos,
         Atrativos,
Atrativos de matar,
Quando estão meio-cerrados,
         Enlevados...
Enlevados a cismar!...

Porque teu nevado seio
         Terno anseio
         Com receio,
Com receio faz mover;
Porque escondes um segredo
         Que tens medo,
Que tens medo de dizer.


*


Eu te amo porque entendes
         E compreendes
Do Bardo o doce cantar;
Porque folgas de escutá-lo;
Porque gostas de imitá-lo
E sabes apreciá-lo
Em seu poético amar.

És dos Poetas o sonho
         Que, risonho,
Mais lhes enche os corações.
Enlevado no teu riso,
O Trovador, d'improviso,
Um anjo do paraíso
Descreve em suas canções.



Fonte: "Ecos da Minh'alma", Tipografia Camillo de Lellis Masson, 1866.
Originalmente publicado em: "Ecos da Minh'alma", Tipografia Camillo de Lellis Masson, 1866.

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