Raul Bopp

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Raul Bopp

Raul Bopp é uma das vozes mais singulares da primeira geração modernista brasileira, propondo uma poética do delírio, da floresta e do interior do Brasil profundo.

Biografia

Raul de Taunay Bopp nasceu em 1898, numa pequena vila do interior do Rio Grande do Sul, de uma família descendente de alemães. Mudaram-se logo para o município de Tupanciretã, em cuja única rua, próxima à estação de trem, ficava a oficina de arreios, calçados, selins, tamancos e curtume, de
propriedade do pai. O jovem Raul cresceu mergulhado no universo da cultura popular, entre rodas de conversa e benzedeiros. Fascinava-se com as distâncias, as viagens, a literatura. Com um amigo, fundou um pequeno jornal, publicando ensaios e poemas. Em 1914, com o cavalo de invernada do pai, viajou por oito meses pela Argentina e Paraguai, retornando à casa via Mato Grosso. Testemunhou os efeitos da Guerra do Paraguai, empregou-se em diferentes ofícios à medida que viajava. De volta a Tupanciretã, fundou outros dois semanários, onde publicava seus escritos, e concluiu o ginásio. Em 1918, matriculou-se em direito na capital do estado, Porto Alegre, onde permaneceu dois anos. Transferiu-se para Recife, onde cursou o terceiro ano, depois para Belém do Pará e, finalmente, para o Rio de Janeiro. Conciliava os estudos com andanças pelo interior, assistindo às festas folclóricas e outras manifestações de cultura popular. Entre 1920 e 1921, percorreu o Nordeste e a Amazônia, em contato com suas realizações artísticas. Em Belém, tomou contato com publicações européias modernistas. No Rio de Janeiro, durante o último ano de direito, frequentava os círculos de escritores, onde teve contato com os modernistas. Teve uma discreta participação na Semana de Arte Moderna. Contribuía com jornais cariocas, e sua carreira no jornalismo se estenderia por um longo período. Após se formar, assumiu, em 1926, o cargo de diretor de informações na Associação Paulista de Boas Estradas, ocupando depois o de diretor e, por fim, o de superintendente, até 1929. Foi diretor, entre 1928 e 1929, da Revista de Antropofagia. Pediu demissão da Associação Paulista de Boas Estradas, viajando dois anos no navio cargueiro japonês Kanagawa-Maru, entre 1929 e 1931, com escalas em portos da África Oriental. Publicou o primeiro livro de poesia, 'Cobra Norato', em 1931, no que seria o começo de uma obra abrangendo poesia e não-ficção. Ingressou no serviço diplomático em 1932, exercendo cargos em diversos paíse estrangeiros. Casou-se com uma mexicana nos Estados Unidos, em 1944. Retornou ao Brasil ao final da carreira diplomática, em 1973, falecendo quase uma década depois no Rio de Janeiro, aos 86 anos, em 1984.

Obras e poemas

Do livro 'Cobra Norato', 1931

Do livro 'Urucungo', 1932

Do livro 'Poesias', 1947

Do livro 'Cobra Norato e outros poemas', 1954

Do livro 'Diábolus', 1967

Do livro 'Putirum: poesia e coisas de folclore', 1969

Do livro 'Poesia completa de Raul Bopp', 2014
Milu | Olinda

Para consultar

Para aprofundar o estudo sobre Raul Bopp:

Averbuck, L. (1980). As ressonâncias do popular em Cobra Norato, de Raul Bopp. Letras de hoje. Porto Alegre. N. 40 (jun. 1980), p. 94-122.
Bittencourt, R. L. D. F. (2019). Tensões Modernistas em Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp. Vis: revista do Curso de Mestrado em Artes do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Brasília, DF. Vol. 18, n. 2 (jul./dez. 2019), p. 212-227.
Cardoso, A. M. L. (2022). Raul Bopp e Clarice Lispector: A Presença Do Mito No Modernismo Brasileiro. Interdisciplinar-Revista de Estudos em Língua e Literatura, 38, 41-51.
da Cunha, Y. P., & Jubé Júnior, M. d’Abadia R. (2019). Reatualizando o passado colonial: escravidão e modernidade em Urucungo de Raul Bopp. Lutas Sociais, 22(40), 79–93.
de Araújo, J. L. M., & Oliveira, V. C. (2010). “Literatura brasileira em seu conjunto histórico”, de Raul Bopp: um capítulo à parte. Revista da Anpoll, 1(28).
de Oliveira, V. L. (2020). Os poemas negros de Raul Bopp. Confluenze: Rivista di Studi Iberoamericani, 12(2), 400-426.
Macedo, S. E. (2018). Na pele de seda da criação-reescritura como tradução em Cobra Norato, de Raul Bopp. MOARA–Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944, (49), 128-144.
Pasini, L. (2022). A antropofagia e o corpus: discurso teórico, historicidade das obras e a posiçãode Raul Bopp. Santa Barbara Portuguese Studies, 2nd Ser., Vol. 10.
Voltarelli, M. (2017). Perspectivismo e antropofagia em Cobra Norato, de Raul Bopp. Palimpsesto-Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 16(24), 162-176.