Festa no Amazonas
Poema de Raul Bopp
Tiramento de joia pro Divino (joia de ovo, joia de galinha).
A flotilha fluvial desliza pelo furo afora.
Depois entra pelo igarapé.
Numa canoa à frente
o tambor-onça acorda as árvores
E xô passarinho
do bico encarnado
N’outra canoa adiante
descombinam-se o adufo e o tamborim num bate-bate.
Árvores escutam.
Mamoranas se debruçam na corrente.
Desenham-se na água lenta
palácios da cidade-capim.O rio cansadores
vala preguiçosamente pelas margens.
A água lambe os barrancos.
A noite chega devagarinho.
Tincuã grita do alto de um cumandá: Tincuã.
Passa um regatão águas abaixo.
Traz ervas mágicas para banhos de cheiro.
... E xô passarinho
O mato infantil brinca de acústica.
O eco se repete
com uma voz brincando de esconder no fundo do mato.
Fonte: "Poesia completa de Raul Bopp", José Olympio Editora, 2014.
Originalmente publicado em: "Diábolus", Cadernos Brasileiros,Rio de Janeiro, 1967.
Fonte: "Poesia completa de Raul Bopp", José Olympio Editora, 2014.
Originalmente publicado em: "Diábolus", Cadernos Brasileiros,Rio de Janeiro, 1967.