O que é poesia: uma história plural do fazer poético
A palavra “poesia” tem origem no grego poíesis, que significa “criação” ou “ato de fazer”. Deriva do verbo grego poieîn (fazer, criar). O filósofo Aristóteles - cuja obra exerceu enorme influência na tradição europeia - identificou a poíesis como uma das modalidades de atividade humana, distinta da teoria e da prática.
Em sua obra "Poética", Aristóteles descreve a poesia como uma atividade ligada à criação pela imaginação. Para ele, a poesia é uma forma de representação (mimesis) da realidade por meio da linguagem ritmada, metrificada ou musical; ela tende a tratar do universal - não tanto dos fatos particulares, mas do que poderia ocorrer de acordo com a verossimilhança, produzindo uma história ficcional plausível.
Essa caracterização serve como um ponto de partida, mas os gregos desconheciam grande parte dos povos e civilizações do mundo. A eles faltava uma base para tecer uma definição verdadeiramente universal, que abarcasse todas as expressões culturais da poesia ao redor do planeta.
Uma resposta mais fecunda, portanto, demanda análise ao longo de tempos e lugares diversos, expondo como praticantes humanos organizaram palavras, sons, corpos e ritos para produzir efeitos “poéticos”.
A poesia de gregos
A definição aristotélica foi formulada numa sociedade em que a escrita tinha papel importante na transmissão do saber. Aristóteles considerava a poesia uma atividade criativa, baseada na imaginação, que produzia representações (imitações) da realidade por meio da linguagem em ritmo, melodia e verso - separados ou em conjunto. Seria uma arte das palavras.Em vez de tratar de fatos particulares, como o faz a história ou o jornalismo, o conteúdo da poesia trataria do universal, daquilo que seria possível acontecer a qualquer pessoa segundo a verossimilhança ou a necessidade. Visava produzir entendimento e mover afetos de maneira equilibrada.
Na Grécia, dividia-se a poesia em duas formas dominantes, o poema - lírico ou épico, narrado em verso - e o drama - diálogo entre personagens Existiam obras escritas em prosa, mas elas ficaram de fora da definição de Aristóteles.
Finalmente, enquanto atividade humana, a poesia corresponderia a um ofício. Apresentava um caráter técnico, uma construção racional, não mero jorro de emoção espontânea.
Poesia no tempo da oralidade
O mundo moderno, que tanto enfatiza a relação entre conhecimento e escrita, nos faz esquecer que a linguagem humana surgiu e se desenvolveu no e por meio do corpo. Entre os adultos, a interação cotidiana ainda se conduz predominantemente por meio da oralidade; entre gerações, a língua se transmite pela fala.Para compreender mais amplamente o que é poesia, deve-se considerar as práticas humanas que, baseadas na imaginação, trabalhavam a linguagem antes da invenção da escrita. Em culturas com tradição oral dominante, a poesia funcionava como prática social sofisticada. Seu valor residia tanto no conteúdo (memória coletiva) quanto na forma (ritmo, entoação).
No Oeste africano, o griot exemplificava essa prática poética. Membro de uma casta profissional hereditária, ele atuava como guardião das genealogias, conselheiro político e diplomata. Em impérios como o do Mali, o griot era figura importante na corte, usando precedentes históricos contidos em épicos para aconselhar sobre justiça e política.
Sua fala, em versos e cantos, era considerada detentora de um poder espiritual capaz de moldar a realidade. Essa palavra performada, quase sempre acompanhada por instrumentos, correspondia a um arquivo vivo que preservava a memória coletiva.
Entre os nahuas do México pré-colombiano, a expressão central da tradição lírica era denominada "flor e canto". Para filósofos nahuas, que viam o mundo sensível como transitório, a "flor e canto", executada em rituais que uniam música e dança, consistia em expressão filosófica elevada, veículo capaz de conectar o terreno ao sagrado.
Nas ilhas do Pacífico, o conceito maori whakapapa (literalmente “colocar em camadas”) carregava uma função cosmológica e legal. Iniciava com genealogias que partiam dos deuses primordiais (Ranginui e Papatūānuku), atravessando gerações de deuses e heróis até os ancestrais fundadores das tribos e famílias.
A recitação em ocasiões formais constituía a base da identidade social, afirmando a ligação com a ancestralidade. Ela também operava como ferramenta legal, estabelecendo os direitos à terra e as obrigações de parentesco.
Os exemplos acima mostram características da poesia ausentes na definição de Aristóteles. Ela ocorria como atividade humana baseada na imaginação e na memória coletiva. O ritmo, a métrica ou as fórmulas orais eram técnicas de armazenamento e transmissão precisa de vastas quantidades de informações.
Em vez de almejar ao universal, o conteúdo girava em torno de temas coletivos - os mitos, a história, as normas, a filosofia ou as linhagens. A função era formar e preservar a identidade social de um grupo, reforçando a ligação entre seus participantes. E também repassar o conhecimento.
A responsabilidade pela poesia geralmente recaía sobre um estrato específico de pessoas, que cumpriam um papel socialmente determinado. O modo de usufruir era tão importante quanto o modo de produzir a poesia. Ambos correspondiam a um exercício de comunhão: davam expressão ao grupo ou sociedade.
A prioridade da tradição oral sobre a escrita assumiu grande relevância nos hinos religiosos dos Vedas indianos. Considerava-se o texto como não havia sido composto - ou seja, escrito -, mas sim que havia sido ditado por uma fonte divina e transcrito por pessoas. Na tradição védica, a correta pronúncia do mantra fazia parte do sentido, sendo essencial para a eficácia do ritual. Para garantir a transmissão perfeita e imutável desse poder sonoro da palavra, sacerdotes Brâmanes desenvolveram técnicas de memorização de extrema complexidade.
Outro exemplo da conservação da oralidade na escrita se encontra no Shijing chinês, antologia de cânticos populares e hinos rituais. Oficiais da dinastia Zhou anotavam a tradição oral popular, utilizada como um termômetro moral do poder. Se fossem de lamentação ou sátira, era um sinal das falhas do governante local. O poeta atuava como educador moral: os poemas do Shijing serviam para formar e corrigir.
Apesar do surgimento da escrita, a atividade poética continuou desempenhando funções semelhantes. Marcava-se pelo conteúdo diverso: hino religioso, instrumento de decisão política, repositório de genealogia, crítica social, educação moral, entre outros. Ficava sujeita a normas que abrangiam a linguagem - relativas, por exemplo, ao verso e ao ritmo - e à sua produção e transmissão - quem tinha o direito de recitar, em que contexto e de qual forma.
Seu valor residia em recontar a tradição com maestria. Dessa forma, a autoria era frequentemente coletiva, às vezes anônima. Mais do que um criador original, o poeta cumpria um papel social definido, cabendo a ele a preservação da identidade coletiva, a compilação das manifestações orais, a recitação.
O empreendimento colonial seria impossível baseado somente na oralidade. A expansão do comércio pelo domínio de vastos territórios e povos exigia um enorme aparato administrativo, naval e de guerra. O emprego da escrita se difundiu na comunicação e partilha de normas sociais, no registro de memórias coletivas, na transmissão do conhecimento.
Para que o sistema funcionasse sem empecilhos, a atividade poética deveria se realizar por meio da fragmentação individualista. Alteraram-se os papéis sociais ligados à produção e consumo da poesia. O poeta se assumiu como um artífice da palavra escrita, trabalhando a tradição herdada do cânone para gerar uma obra singular, original, que demonstrasse exímio domínio técnico.
Todavia, um outro fenômeno se verificava além dos limites impostos pela definição colonial de poesia. Impulsionado pela indústria, o vertiginoso crescimento no último século foi acompanhado de semelhante crescimento da poesia ligada à oralidade, à musicalidade e ao ritmo. Da poesia voltada ao coletivo, que une e fornece identidade.
Talvez a poesia nunca esteve tão presente no cotidiano das pessoas como agora. Essa imprescindível atividade humana forçou passagem contra o fado adverso dos centros de poder, espalhando-se pelos poros da sociedade através das distintas vertentes da música popular. Nelas, ainda estão em jogo o verso, a métrica, as rimas e a memória, com temas e linguagem direcionados à coletividade.
A poesia é uma atividade humana criativa, baseada na imaginação, na memória comum, na crítica e na experimentação. Ela tanto produz representações por meio da linguagem oral e escrita quanto as transmite e comunica no interior de um grupo ou sociedade. A poesia também são os produtos dessa atividade.
A expressão poética se distingue do falar cotidiano por trabalhar a própria linguagem. Em primeiro lugar, revela a musicalidade, o ritmo inerentes ao exprimir-se por palavras e que, de outra maneira, permaneceriam implícitos. Em segundo lugar, esculpe e modela os componentes e as possibilidades estéticas: o objeto enquanto realidade em expressão, as figuras e recursos da linguagem, a forma, a beleza em todas as suas variações. A criação poética é um ofício.
Semelhante a outras artes, a poesia está vincada na coletividade, ajudando a construir identidade ou memória comum, ou servindo ao prazer estético. A poesia, portanto, não é um ato individualista. As etapas da atividade poética - criação, circulação e consumo - se submetem a normas e papéis socialmente elaborados.
Abordando diversos conteúdos, assumindo formas variadas, a atividade poética intenta escapar da transitoriedade do aqui e agora e ascender ao horizonte da coletividade. Ou, se for possível, diluir-se no universal, tocando notas que sejam comuns a qualquer pessoa, em qualquer lugar e tempo, e, assim, nos lembrar que somos humanos e vivemos.
A origem da escrita
Quando a escrita surgiu, ela se manteve atrelada à oralidade. eram destinados à leitura em voz alta e frequentemente fixavam formas performativas orais. Um dos mais antigos textos poéticos, de cerca de 1.200 a.C., cuja versão tardia se fixou em tábuas de escrita cuneiforme, o "Épico de Gilgamesh" preservou traços de uma longa tradição oral. Por exemplo, repetições literais de mensagens e discursos, recurso de memorização para a recitação oral.A prioridade da tradição oral sobre a escrita assumiu grande relevância nos hinos religiosos dos Vedas indianos. Considerava-se o texto como não havia sido composto - ou seja, escrito -, mas sim que havia sido ditado por uma fonte divina e transcrito por pessoas. Na tradição védica, a correta pronúncia do mantra fazia parte do sentido, sendo essencial para a eficácia do ritual. Para garantir a transmissão perfeita e imutável desse poder sonoro da palavra, sacerdotes Brâmanes desenvolveram técnicas de memorização de extrema complexidade.
Outro exemplo da conservação da oralidade na escrita se encontra no Shijing chinês, antologia de cânticos populares e hinos rituais. Oficiais da dinastia Zhou anotavam a tradição oral popular, utilizada como um termômetro moral do poder. Se fossem de lamentação ou sátira, era um sinal das falhas do governante local. O poeta atuava como educador moral: os poemas do Shijing serviam para formar e corrigir.
Apesar do surgimento da escrita, a atividade poética continuou desempenhando funções semelhantes. Marcava-se pelo conteúdo diverso: hino religioso, instrumento de decisão política, repositório de genealogia, crítica social, educação moral, entre outros. Ficava sujeita a normas que abrangiam a linguagem - relativas, por exemplo, ao verso e ao ritmo - e à sua produção e transmissão - quem tinha o direito de recitar, em que contexto e de qual forma.
Seu valor residia em recontar a tradição com maestria. Dessa forma, a autoria era frequentemente coletiva, às vezes anônima. Mais do que um criador original, o poeta cumpria um papel social definido, cabendo a ele a preservação da identidade coletiva, a compilação das manifestações orais, a recitação.
De Aristóteles ao colonialismo europeu
A definição aristotélica de poesia permaneceu como referência na tradição europeia. A partir do Renascimento, durante os séculos de expansão colonial, nos centros de poder europeu se consolidou gradualmente uma noção de poesia baseada em formas codificadas (soneto, madrigal etc.), domínio técnico da métrica e a educação formal literária.
O empreendimento colonial seria impossível baseado somente na oralidade. A expansão do comércio pelo domínio de vastos territórios e povos exigia um enorme aparato administrativo, naval e de guerra. O emprego da escrita se difundiu na comunicação e partilha de normas sociais, no registro de memórias coletivas, na transmissão do conhecimento.
A realização da modernidade - a princípio, mercantilista, depois industrial - europeia, erguida a partir do projeto colonialista, traria um novo entendimento de poesia. Refletindo sua estrutura de poder, concebeu-se uma visão da atividade poética que associava a universalidade ao europeu, negando a existência de práticas poéticas em culturas de sociedades colonizadas e primitivas. O suposto 'atraso cultural' dessas sociedades legitimava a sua expropriação.
A invenção da prensa de Gutenberg e, mais tarde, a industrialização e o crescimento do mercado de produtos culturais aprofundaram o viés colonialista. Em sociedades cujas relações internas eram dominadas pela troca de mercadorias, a participação (cada vez mais limitada) da poesia na identidade coletiva passou a ser mediada pelas relações de mercado. Surgiram entidades orientadas para a fabricação, circulação e venda de livros.
A invenção da prensa de Gutenberg e, mais tarde, a industrialização e o crescimento do mercado de produtos culturais aprofundaram o viés colonialista. Em sociedades cujas relações internas eram dominadas pela troca de mercadorias, a participação (cada vez mais limitada) da poesia na identidade coletiva passou a ser mediada pelas relações de mercado. Surgiram entidades orientadas para a fabricação, circulação e venda de livros.
Para que o sistema funcionasse sem empecilhos, a atividade poética deveria se realizar por meio da fragmentação individualista. Alteraram-se os papéis sociais ligados à produção e consumo da poesia. O poeta se assumiu como um artífice da palavra escrita, trabalhando a tradição herdada do cânone para gerar uma obra singular, original, que demonstrasse exímio domínio técnico.
Com isso, o livro adquiriria um valor que se poderia traduzir em preço. O ciclo comercial se fechava pela formação de um consumidor do livro-mercadoria. Não mais uma plateia diante de um recitador, a apreciação da poesia se converteu em leitura silenciosa. Criou-se a figura do leitor, aquele que consome individualmente obras de literatura, fazendo da interioridade o espaço privilegiado do poema.
A união dos elos da poesia - a tradição literária (o cânone), do autor e o leitor - ocorreria pela universalidade do texto poético. Entretanto, assim como em Aristóteles, cuja universalidade dizia respeito à coletividade grega, o novo universal se referia à coletividade europeia. Dele estavam excluídos a história e cultura de milhares de povos, bem como práticas sociais coletivas cuja expressão poética era marginalizada e não reconhecida.
Na poesia, introduziu-se fragmentação, colagem, verso livre, abandono da rima e da métrica tradicional. O poeta assumiu o papel de investigador crítico. A partir daí, sua tarefa incluiria o estudo do ofício poético, a compreensão dos contextos históricos e sociais, a proposição de novas intervenções estéticas.
Verificou-se uma pequena brecha na colonialidade, como se observou no Brasil dos primeiros modernistas. Entre as bandeiras do movimento brasileiro, incluía-se a problematização, ainda que superficial, da cópia de modelos estrangeiros, e a busca de uma identidade nacional.
A poesia continuou uma arte da palavra escrita, depositando grande ênfase na exploração técnica dos recursos da linguagem. Tornava-se uma uma atividade criativa que, além de imaginação, demandava pesquisa, análise crítica e experimentação. A sua função como promotora da identidade social, frente a outros modos de comunicar e de transmitir conhecimento, estreitava-se.
A união dos elos da poesia - a tradição literária (o cânone), do autor e o leitor - ocorreria pela universalidade do texto poético. Entretanto, assim como em Aristóteles, cuja universalidade dizia respeito à coletividade grega, o novo universal se referia à coletividade europeia. Dele estavam excluídos a história e cultura de milhares de povos, bem como práticas sociais coletivas cuja expressão poética era marginalizada e não reconhecida.
Modernismo e continuidade
No começo do século XX, os conflitos internos do empreendimento colonial europeu produziu os horrores da primeira grande guerra. Seus efeitos, aliados às rápidas alterações introduzidas pela indústria e pela urbanização, fomentaram um movimento de ruptura no campo artístico. Surgia o modernismo, questionando os métodos e cânones da tradição a partir da pesquisa e do experimentalismo.Na poesia, introduziu-se fragmentação, colagem, verso livre, abandono da rima e da métrica tradicional. O poeta assumiu o papel de investigador crítico. A partir daí, sua tarefa incluiria o estudo do ofício poético, a compreensão dos contextos históricos e sociais, a proposição de novas intervenções estéticas.
Verificou-se uma pequena brecha na colonialidade, como se observou no Brasil dos primeiros modernistas. Entre as bandeiras do movimento brasileiro, incluía-se a problematização, ainda que superficial, da cópia de modelos estrangeiros, e a busca de uma identidade nacional.
A poesia continuou uma arte da palavra escrita, depositando grande ênfase na exploração técnica dos recursos da linguagem. Tornava-se uma uma atividade criativa que, além de imaginação, demandava pesquisa, análise crítica e experimentação. A sua função como promotora da identidade social, frente a outros modos de comunicar e de transmitir conhecimento, estreitava-se.
Todavia, um outro fenômeno se verificava além dos limites impostos pela definição colonial de poesia. Impulsionado pela indústria, o vertiginoso crescimento no último século foi acompanhado de semelhante crescimento da poesia ligada à oralidade, à musicalidade e ao ritmo. Da poesia voltada ao coletivo, que une e fornece identidade.
Talvez a poesia nunca esteve tão presente no cotidiano das pessoas como agora. Essa imprescindível atividade humana forçou passagem contra o fado adverso dos centros de poder, espalhando-se pelos poros da sociedade através das distintas vertentes da música popular. Nelas, ainda estão em jogo o verso, a métrica, as rimas e a memória, com temas e linguagem direcionados à coletividade.
O que é poesia?
Se a poesia resiste, é porque reúne elementos que a caracterizam e a preservam. Para identificar esses elementos deve-se considerar como diferentes povos praticaram a poesia ao longo do tempo.
A poesia é uma atividade humana criativa, baseada na imaginação, na memória comum, na crítica e na experimentação. Ela tanto produz representações por meio da linguagem oral e escrita quanto as transmite e comunica no interior de um grupo ou sociedade. A poesia também são os produtos dessa atividade.
A expressão poética se distingue do falar cotidiano por trabalhar a própria linguagem. Em primeiro lugar, revela a musicalidade, o ritmo inerentes ao exprimir-se por palavras e que, de outra maneira, permaneceriam implícitos. Em segundo lugar, esculpe e modela os componentes e as possibilidades estéticas: o objeto enquanto realidade em expressão, as figuras e recursos da linguagem, a forma, a beleza em todas as suas variações. A criação poética é um ofício.
Semelhante a outras artes, a poesia está vincada na coletividade, ajudando a construir identidade ou memória comum, ou servindo ao prazer estético. A poesia, portanto, não é um ato individualista. As etapas da atividade poética - criação, circulação e consumo - se submetem a normas e papéis socialmente elaborados.
Abordando diversos conteúdos, assumindo formas variadas, a atividade poética intenta escapar da transitoriedade do aqui e agora e ascender ao horizonte da coletividade. Ou, se for possível, diluir-se no universal, tocando notas que sejam comuns a qualquer pessoa, em qualquer lugar e tempo, e, assim, nos lembrar que somos humanos e vivemos.
