Sousândrade

Sousândrade, poeta do Romantismo brasileiro.

Sousândrade


Joaquim de Souza Andrade, conhecido como Sousândrade, foi um poeta da última fase do romantismo. Incorporou elementos que seriam depois utilizados pelo modernismo e outras correntes literárias.

Biografia

Joaquim de Souza Andrade, conhecido literariamente como Sousândrade, nasceu em 9 de julho de 1833, no município de Alcântara, no Maranhão. Proveniente de família proprietária de uma fazenda de algodão e arroz, onde havia trabalho escravizado, perdeu a mãe ainda na infância e, pouco depois, também o pai, tornando-se órfão muito cedo. Foi criado por tutores e amigos da família, alguns dos quais se aproveitaram de parte de sua herança, fato que marcou sua trajetória financeira posterior.

Estudou no Colégio de São Luiz, na capital maranhense, onde teve acesso ao ambiente intelectual local. Na década de 1850, vendeu alguns dos escravizados herdados da fazenda - prática infelizmente comum entre herdeiros de famílias rurais da época - para financiar seus estudos em Paris, onde teve contato com movimentos artísticos e filosóficos do período. De volta a São Luís, passou a transitar entre a elite letrada maranhense e grupos literários, dedicando-se ativamente à poesia. Em 1857, publicou seu primeiro livro, Harpas Selvagens.

Entre 1860 e 1864, casou-se, e dessa união nasceu uma filha. A partir de 1871, iniciou longas viagens pelo continente americano com a família, vivendo em diversos países e fixando-se por mais tempo nos Estados Unidos - especialmente em Nova York - onde elaborou grande parte de sua obra mais complexa e inovadora, incluindo trechos de "O Guesa", considerada seu trabalho mais ousado.

Em 1885, regressou a São Luís. Na cidade, contribuiu com jornais locais, atuou como professor e também como intendente (cargo semelhante ao atual vereador). Após a Proclamação da República, em 1889, envolveu-se mais diretamente com a política, filiando-se ao Partido Republicano do Maranhão.

Sua vida, entretanto, tomou rumo trágico. Com crescente excentricidade - termo usado pela imprensa e por contemporâneos para descrever comportamentos considerados fora do padrão social - acabou por arruinar-se financeiramente. Abandonado pela esposa e pela filha, que se mudaram para Santos (SP), passou a enfrentar forte marginalização. Rotulado de “louco” pela sociedade de então, viveu seus últimos anos em condições precárias e morreu pobre, em 1902, em São Luís.

Obras e poemas

Entre as obras publicadas por Sousândrade, estão 'Harpas Selvagens' (1857),  ' O Guesa (1871)' e 'Eólias' (1868). Aqui selecionamos poemas de seu livro de estreia.

Do livro 'Harpas Selvagens', 1857

Para consultar

Edições digitais de suas obras estão disponíveis na Biblioteca Brasiliana USP.

Para aprofundar o estudo sobre Sousândrade:

Cunha, C. A., & Quadros, J. M. (2019). Para uma edição crítica de O Guesa, de Sousândrade: Alguns princípios e problemas. O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 28(4), 49-68.
Chiaretto, M. (1997). A contramodernidade romântica de Joaquim de Sousândrade. Scripta, 1(1), 73-83.
de Campos, H. (2001). A peregrinação transamericana do Guesa de Sousândrade. Revista USP, (50), 221-231.
Godoi, E. (2012). Linguagem e memória nas criações lexicais de sousândrade: uma poética para inovar. Anais do SILIAFRO. Volume , Número 1. EDUFU.
Morais, L. (2025). Sousândrade: A vida de um poeta-viajante. Cordis: Revista Eletrônica De História Social Da Cidade, (34), e69743.
Pereira, D. D. C. (2004). Sousândrade: tradição e modernidade. Linguagem em (Dis) curso, 4(2), 387-413.
Rocha, M. L. (2002). O "caso" Sousândrade na história literária brasileira. Revista USP, (56), 213-220.
Torres-Marchal, C. (2014). Contribuições para uma biografia de Sousândrade III: As filhas do poeta. Eutomia: Revista de Literatura e Linguística, 5-31.