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Poema de Souza-Andrade



Tu não és como a árabe infante
Encantada no branco corcel
Nos desertos de areia brilhante,
Áurea adaga no cinto de anel,
Ou na doce cabilda - ondulante
Nos amores de louro donzel;

Nos floridos quiosques saltando
Ou na ogiva fumosa a dormir,
Cousas da Ásia amorosa sonhando,
Que sonhadas se fazem sentir:
Tu não és como a árabe - amando
Tens no rosto mais santo sorrir!

Nem semelha-te à rútila estrela,
Nem às ondas douradas do mar,
Nem à flor mais esplêndida e bela;
Terra e céu não te sabem imitar:
Brilha uns olhos de bronze a donzela,
Docemente te vejo a me olhar.



Fonte: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.
Originalmente publicado em: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.

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