Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus de Guimaraens é um dos maiores nomes do Simbolismo brasileiro - um poeta que fez da religiosidade, da perda e do amor a essência de uma obra delicadamente mística e lírica.
Biografia
Afonso Henrique da Costa Guimarães, conhecido literariamente como Alphonsus de Guimaraens, nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais. Filho de um comerciante português e de uma brasileira, era sobrinho-neto do romancista e poeta Bernardo Guimarães. Estudou no Liceu Mineiro e, em 1887, ingressou no curso de Engenharia da Escola de Minas de Ouro Preto. Nesse período, viveu a profunda experiência pessoal da perda de sua noiva e prima, Constança Guimarães, falecida de tuberculose em 1888 - acontecimento decisivo para a formação de sua sensibilidade poética.Após a tragédia, Afonso deixou Minas e partiu para São Paulo, onde passou a cursar Direito na tradicional Faculdade do Largo de São Francisco. Durante sua permanência na capital paulista, atuou intensamente no jornalismo, colaborando para periódicos como "Diário Mercantil", "Comércio de São Paulo", "Correio Paulistano", "O Estado de S. Paulo" e "A Gazeta".
Essa atuação jornalística foi fundamental para sua inserção no meio intelectual da época. Foi durante esse período que Afonso estabeleceu o uso do pseudônimo “Alphonsus de Guimaraens”. De grafia arcaizante, o pseudônimo faz referência aos ideais estéticos do Simbolismo.
Concluído o curso de Direito, Afonso retornou a Ouro Preto e, em 1897, casou-se. Iniciou a carreira na magistratura em Conceição do Serro, levando uma vida discreta. Em 1899, publicou seu primeiro livro, que reunia "Setenário das Dores de Nossa Senhora / Câmara Ardente" e "Dona Mística", obras com forte presença de elementos litúrgicos, místicos e católicos.
Três anos depois, lançou "Kyriale" (1902), reafirmando sua posição como um dos principais representantes do Simbolismo brasileiro, ao lado de Cruz e Sousa. Nomeado juiz em Mariana, transferiu-se para lá com a família em 1906. A cidade tornou-se seu espaço definitivo de vida e criação literária. A reclusão relativa e o ambiente interiorano favoreceram a maturação de seu tom introspectivo, meditativo e marcado pela espiritualidade - características centrais de sua lírica.
Em Mariana, continuou colaborando com periódicos, escrevendo poemas, crônicas e crítica literária, embora grande parte dessa produção só viesse a ser publicada postumamente. Faleceu em 1921, aos 51 anos. Após sua morte, muito de sua produção foi organizada em edições póstumas.
Obras e poemas
Do livro 'Kiriale', 1902'Se eu procurasse' | 'Oh lábios' | 'Mãos de finada' | Pobres sonhos | Náufrago | Saudade | Canção | Presságios | Sete damas | Initium
Do livro póstumo 'Pastoral aos crentes do amor e da morte', 1923
'Como os outros' | 'Porque na vida' | 'A ventura de amar' | 'Negro navio' | 'A aurora loira' | 'Se eu a visse' | 'Seremos como dois lírios' | 'Quem sonha' | 'Quando te fores' | 'Por entre mil relâmpagos' | 'Nada somos' | 'Rosas que já vos fostes' | 'Ficávamos sonhando' | 'Crisântemo divino' | Ismália | A corrente | 'O cinamomo floresce' | Solidão | 'Manhãs hilares' | Barcarola | 'Eras a sombra' | 'Quando chegaste' | Cisnes brancos | Olhos | 'Ai! flores' | 'Ando colhendo' | 'Quando o ocaso' | 'Todo o antigo passado' | 'O amor tem vozes' | 'Ó palidez' | 'As ovelhas' | 'Foi-se, como a formosura' | 'Foi a tua beleza?'
Para consultar
Edições digitais de suas obras estão disponíveis em:
Cavalcante, C. G. (2023). Misticismo e melancolia em sonetos de uma santa, de Alphonsus de Guimaraens. Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 33, 107-128.
Comitti, L. (2002). Sobre uma visita: Alphonsus de Guimaraens e o Modernismo. Revista do Centro de Estudos Portugueses, 22(30), 311-320.
de Melo Silva, M. (1995). Anima: imagens do desejo e da interdição (na poesia de Alphonsus de Guimaraens). Revista Leitura, (15-16), 17-36.
de Paula, J. E. E. (2016). A memória de Alphonsus de Guimaraens nas vozes dos poetas modernistas. Caletroscópio, 4, 203-216.
de Paula, J. E. E. (2017). A memória da Antiguidade Clássica na escrita de Alphonsus de Guimaraens. Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios, (30), 46-56.
Marques, Â. M. S. (2002). As lutuosas vogais de Alphonsus de Guimaraens. Revista do Centro de Estudos Portugueses, 22(31), 297-306.
Martins, G. F. (2019). Vanitas: a condenação da vaidade como elemento constituinte da representação da morte na lírica de Alphonsus de Guimaraens. Brasiliana: Journal for Brazilian Studies, 7(1), 163–173.
Rennó, E. F. (1966). A poesia de Alphonsus de Guimaraens. Revista Literária do Corpo Discente da Universidade Federal de Minas Gerais, 97-118.
Ricieri, F. F. W. (2002). Erotismo e transgressão na escrita de Alphonsus de Guimaraens. Revista do Centro de Estudos Portugueses, 22(31), 307-324.
Ricieri, F. F. W., & Marques, Â. M. S. (2003). Achegas à bibliografia de Alphonsus de Guimaraens. O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 287-310.
Ricieri, F. F. W. (2011). Dois objetos soturnos: leituras de Alphonsus de Guimaraens. Letras De Hoje, 46(2).
Secchin, A. C. (2014). Um Corvo e Seu Duplo: A propósito de um poema de Alphonsus de Guimaraens. Matraga-Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 21(35).
Silva, S. L. (2018). O arquétipo da sombra em Dona Mística, de Alphonsus de Guimaraens. Revista Extensão, 2(1), 27-35.
