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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Todo o antigo passado
Volta, como um finado
Que saísse da cova.
Risos ao longe e perto...
E à luz do luar incerto
Floresce a ilusão nova.

As lágrimas de outrora
Secaram-se: não chora
A alma que a poeira augura.
Clarões no céu: renasce
A flor na mesma face
Que espera a sepultura.

É a ilusão derradeira.
Ei-las, pobre caveira,
As mortas alegrias.
Nem urzes, nem abrolhos...
Ressurgem novos olhos
Nas órbitas vazias.



Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.

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