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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Oh lábios que sereis de lodo e poeira,
Que intangível desejo vos abate?
Que ânsia suprema, na hora derradeira,
Em silêncio vos livra esse combate?

Quereis falar, e quietos sois: na inteira
Mudez do coração que já não bate,
Por debaixo de vós ri-se a caveira,
Lábios que fostes flamas de escarlate.

Se frios como neve estais agora,
Com saudades de beijos que não destes,
Alegrai-vos na dor que vos descora.

Cerrai-vos para sempre em doce calma:
Que os beijos dados, e ainda os mais celestes,
Nunca deixam vestígios na nossa alma...



Fonte: "Kiriale", Tipografia Universal, 1902.
Originalmente publicado em: "Kiriale", Tipografia Universal, 1902.


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