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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Eras a sombra do poente
Em calmarias bem calmas;
E no ermo agreste, silente,
Palmeira cheia de palmas.

Eras a canção de outrora
Por entre nuvens de prece;
Palidez que ao longe cora
E beijo que aos lábios desce.

Eras a harmonia esparsa
Em violas e violoncelos:
E como um voo de garça
Em solitários castelos.

Eras tudo, tudo quanto
De suave esperança existe;
Manto dos pobres e manto
Com que as chagas me cobriste.

Eras o Cordeiro, a Pomba,
A crença que o amor renova...
És agora a cruz que tomba
À beira de tua cova.



Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.

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