Francisca Júlia
Francisca Júlia
Uma das primeiras vozes femininas a conquistar prestígio nacional, Francisca Júlia se destacou no parnasianismo brasileiro com traços do simbolismo.
Biografia
Francisca Júlia da Silva Munster nasceu em 1871, na vila de Xiririca - atual Eldorado, estado de São Paulo. Filha de pai advogado e de mãe professora, mudou-se ainda criança com a família para a capital paulista, onde recebeu formação que a aproximou do meio escolar e literário da cidade.
Percebendo a escassez de obras destinadas ao público infantil, escreveu e lançou "Livro da Infância" (1899), obra didática e literária que foi adotada por escolas do estado. Em 1903 publicou "Esfinges", edição revista e ampliada de "Mármores" - nela excluiu alguns poemas e acrescentou cerca de vinte outros.
Entre 1906 e 1908 trabalhou como professora em Cambreúva, no interior, afastando-se temporariamente dos círculos literários da capital. Ao retornar a São Paulo, casou-se em 1909 com um telegrafista da Central do Brasil; o casal viveu em condição modesta. Publicou o último livro, "Alma infantil", em 1912, voltado igualmente ao público infantil e à prática escolar.
A trajetória de Francisca Júlia articulou a produção poética dirigida ao público adulto, marcada por cuidado formal e sensibilidade lírica, e a produção para a infância, motivada por preocupações pedagógicas e pelo desejo de suprir lacunas no material escolar da época. Como mulher escritora no final do século XIX e início do XX, ela constituiu uma voz relativamente rara na esfera literária, conciliando magistério e criação - e contribuindo para a legitimação de uma literatura infantil sistemática no país.
Ao descobrir que o marido havia contraído tuberculose, Francisca caiu em profunda depressão e passou a escrever pouco. A doença levou o marido em 1920; no mesmo dia do enterro, ela ingeriu uma dose excessiva de narcóticos e suicidou-se.
Obras e poemas
Do livro 'Mármores', 1895A uma criança | Mudez | A florista | Aurora | A noite | No campo
Do livro 'Esfinges', 1903
Para aprofundar o estudo sobre Francisca Júlia:
Do livro 'Esfinges', 1903
Da revista 'A Cigarra', 1919
Para consultar
Edições digitais de suas obras estão disponíveis em:
Borges, J. F. (2017). A literatura de Francisca Júlia: questões de autoria feminina. In Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s World Congress (Anais Eletrônicos).
Borges, J. F. (2020). A literatura de autoria feminina no Brasil: um estudo sobre a trajetória de Francisca Júlia. Letrônica, 13(1), e35148.
Borges, J. (2021). Do parnaso ao simbolismo: sobre a literatura de Francisca Júlia (1871-1920). Miscelânea: Revista De Literatura E Vida Social, 29, 205–224.
Camilo, V. (2021). "A dança de centauras” e o legado romântico nas mãos de Francisca Júlia. Revista USP, (128), 119-136.
de Melo, C. A., & Mundaca, D. A. H. (2013). Do mármore aos jardins: Sobre a obra de Francisca Júlia (1871-1920). Revista Recorte, 10(2).
de Melo, C. A. (2021). Francisca Júlia da Silva: a musa parnasiana brasileira. Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 29, 179-204.
dos Santos Gomes, M., & Caria, J. R. (2018). Francisca Júlia e a Versatilidade Literária. Revista Eletrônica Mutações, 9(16), 162-172.
Lôbo, D. (1991). Francisca Júlia: entre o pincel e a pena. Travessia, (23), 210-225.
Rahme, A. M. (2008). Musa impassível cumpre destino mítico. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 4, p. 946–951.
Samyn, H. M. (2019). Da “poetisa bonita” à “máscula autora”: sobre a generificação de Francisca Júlia. Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 25, 39-60.
Silva, S. P. da, Silva, A. A. da, Silva, E. C. L. da, & Silva, S. P. da. (2012). Francisca Julia e a inserção da mulher no campo literário: um intermédio entre o Parnasianismo e o Simbolismo. Raído, 5(10), 405–427.
Silva, E. F. da, & Silva, E. B. da. (2019). Entre a racionalidade parnasiana e o misticismo simbolista: uma análise de Musa Impassível I, de Francisca Júlia. Diversitas Journal, 4(3), 1037–1052.
Vicente, J. (2013). Insurgências da subjetividade de uma musa impassível: simbolismo e romantismo na obra poética de Francisca Júlia. Litterata: Revista do Centro de Estudos Portugueses Hélio Simões, 3(2), 37-59.
Vicente, J. V. P. (2014). Rigidez escultórica e busca de temática clássica: o rigor formal na poesia de Francisca Júlia. Universitas Humanas (encerrada), 11(1).
