A noite

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Poema de Francisca Júlia



Um vento fresco e suave entre os pinhais murmura;
a Noite, aos ombros solta a desgranhada coma,
no seu plaustro de crepe, entre as nuvens, assoma…
tornam-se o campo e o céu de uma cor mais escura.

Um novo aspecto em tudo. Um novo e bom aroma
de látiros exala a amplíssima verdura.
Num hausto longo, a Noite, aos ares a frescura
doce, entreabrindo a flor dos negros lábios, toma…

por vales e rechãs caminha, passo a passo,
atento o ouvido, à escuta… E no seu plaustro enorme
cujo rumor desperta a placidez do espaço,

à encantada região das estrelas se eleva…
e, ao ver que dorme o espaço e o mundo inteiro dorme,
volve, quieta, de novo, à habitação da treva.



Fonte: "Poesia reunida de Francisca Júlia", escamandro, 2015.
Originalmente publicado em: "Mármores", Horacio Belfor Sabino Editor, 1895.

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