A florista

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Poema de Francisca Júlia



Suspensa ao braço a grávida corbelha,
segue a passo, tranquila... o sol faísca...
os seus carmíneos lábios de mourisca
se abrem, sorrindo, numa flor vermelha.

Deita à sombra de uma árvore. Uma abelha
zumbe em torno ao cabaz... uma ave, arisca,
o pó do chão, pertinho dela, cisca,
olhando-a, às vezes, trêmula, de esguelha...

aos ouvidos lhe soa um rumor brando
de folhas... pouco a pouco, um leve sono
lhe vai as grandes pálpebras cerrando...

cai-lhe de um pé o rústico tamanco...
e assim descalça, mostra, em abandono,
o vultinho de um pé macio e branco.



Fonte: "Poesia reunida de Francisca Júlia", escamandro, 2015.
Originalmente publicado em: "Mármores", Horacio Belfor Sabino Editor, 1895.

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