Carmen Freire
Figura pouco lembrada nos compêndios literários, Carmen Freire, conhecida como Baronesa de Mamanguape, destacou-se como uma das raras vozes femininas da literatura brasileira oitocentista. Poeta e prosadora, sua obra une lirismo, sensibilidade e compromisso com a educação moral da mulher e da infância.
Biografia
Maria do Carmo Evangelista Salles (Carmen Freire) Nasceu no Rio de Janeiro em 2 de março de 1855 e foi criada pela mãe, que lhe proporcionou formação literária sólida. Em 13 de outubro de 1869, casou-se com Flávio Clementino da Silva Freire, o Barão de Mamanguape - distinto proprietário rural e político paraibano, senador do Império. Carmen se tornou a segunda esposa do Barão, sendo reconhecida na sociedade carioca como Baronesa de Mamanguape.
Instalada na Corte, Carmen Freire desenvolveu intensa atividade literária. Publicou versos e traduções em periódicos cariocas e manteve um salão literário de grande prestígio, referido nas crônicas e na historiografia como importante ponto de encontro de escritores e intelectuais. Traduziu autores europeus e era reconhecida por sua sensibilidade lírica.
No fim do século XIX, fontes relatam o fechamento do salão da baronesa após a desagregação do patrimônio familiar - um processo que pesquisadores associam ao impacto da abolição da escravidão sobre as estruturas econômicas de latifundiários e proprietários de engenhos. A abolição teria supostamente provocado a ruína econômica da família.
Após adoecer, Carmen faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de setembro de 1891 - a causa é dada por periódicos da época como tuberculose. Sua poesia foi organizada postumamente no volume "Visões e Sombras" (Rio de Janeiro, 1897), que traz prefácio de Guimarães Passos e Olavo Bilac, homens de destaque na cena literária da geração seguinte. A edição póstuma ajudou a fixar sua memória literária no espaço da poesia feminina oitocentista brasileira.
Obra e poemas
Durante sua vida, Carmen publicou poemas individuais em jornais cariocas. Após sua morte, foi publicada sua coletânea de poesia, Visões e Sombras (1897).Poemas de Visões e Sombras (1897)
Pantum | Resposta a Artur Azevedo | Finge | Seus olhos | Alvoradas (II) | O vendaval | À minha amiga | Alvoradas | Inverno | Noite em Santa Tereza | Volve | Fantástico | A pérola | Abraço eterno | A escrava | Ilusão | Mártir
Poema publicado na Gazeta de Notícias (1888)
Para consultar
Edição digital de sua obra está disponível na Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos.
Não se identificaram estudos disponíveis a respeito da poetisa. Outras informações se encontram em Pereira, C. (2023). Carmem Freire, Baronesa de Mamanguape (1855–1891).
