Finge


Poema de Carmen Freire



Enquanto choras morre a luz divina
Dos teus olhos na lágrima que escorre...
E, sem que a dor matar consigas, morre
Da tua face a rosa purpurina.

Basta de pranto! Volte à cútis fina
A cor que foge quando o pranto corre;
E, em vez da mágoa que o teu ser percorre,
Percorra o amor que as almas ilumina.

Se, porém, não te é dado o níveo pranto
Matar, matando a tua dor pungente,
Finge, não mostres o que prezas tanto,

Finge, porque ao olhar indiferente
Faz tanta inveja um riso falso quanto
Prazer lhe causa um desespero ardente.



Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.

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