Volve
Poema de Carmen Freire
Longe, tão longe o teu amor buscando,
Vara-me o peito o espinho da saudade,
E a minh'alma nas garras da ansiedade
À dor de te não ver se vai matando.
Vejo funéreo crepe amortalhando
Todo o meu ser sem a menor piedade,
Porque da sorte a desumanidade
Rouba-me o céu, de ti me separando.
Volve de novo, quero ler contigo
As orações de amor no livro ardente
Onde os beijos não têm nenhum perigo.
Quero comigo viajar sem norte;
Quero morrer porque o amor veemente,
Para a vida nos dar, dá-nos a morte.
Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.