Noite em Santa Tereza


Poema de Carmen Freire



Olhando a linha irregular dos montes
E contemplando a vastidão marinha
Vai-se a minh'alma, como uma andorinha
Em busca de mais belos horizontes.

Meus tristes olhos, como duas fontes,
Jorram a mágoa que o meu peito aninha,
Porque, ó sorte ríspida e mesquinha!,
Justo é que em pranto a minha história contes.

E saibam que a amargura que me pesa
É maior do que todas estas coisas
De que vejo cercar-me a natureza...

Pois, para minorar-me as amarguras,
Nem tu, oh! terra, me mostrando as rosas!
Nem tu, oh! estrela, que no céu fulguras!



Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.

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