Mártir


Poema de Carmen Freire



Nas longas agonias que ela oculta
Nos sorrisos forçados da tristeza,
Raros podem julgar! Pomba indefesa
Cujas dores o riso alvar insulta!

Ninguém da mágoa que em sua alma avulta
Pode sequer medir qual a grandeza:
Tem por caminho aspérrima devesa,
Por herdade a charneca vil, inculta!

Vazia a sala onde senti que a amava;
Sua alcova sem leito, erma, vazia!...
Somente a solidão me acompanhava.

Onde viveste, ó santa, que a bondade
Toda resumes! hoje, quem diria?
Vive o negro fantasma da saudade.



Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.


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