Beatriz Brandão

Beatriz Francisca de Assis, poeta do Romantismo brasileiro

Beatriz Brandão

Pioneira entre as mulheres letradas do Brasil colonial, Beatriz Francisca de Assis Brandão destacou-se como poeta, tradutora e educadora, rompendo com os padrões extremamente limitantes estabelecidos à época para as mulheres.

Biografia

Beatriz Francisca de Assis Brandão nasceu em 29 de julho de 1779, em Vila Rica (atualmente Ouro Preto, Minas Gerais), e foi batizada na igreja de Nossa Senhora do Pilar. Proveniente de uma família aristocrática - seu pai era o sargento-mor Francisco Sanches Brandão, e sua mãe Isabel Feliciana Narcisa de Seixas -, os Brandão mantinham laços importantes com a família imperial brasileira. 

Prima de Maria Dorotéia de Seixas (a Marília de "Marília de Dirceu"), Beatriz, desde jovem, contrariando parte das restrições de gênero de sua época, estudou francês e italiano com a ajuda de um amigo da família, assim como aprendeu música. A partir dessa formação intelectual, construiu uma reputação literária: traduziu peças em italiano e francês, compôs poemas e publicou-os em jornais como a "Marmota Fluminense", e também em coletâneas sob o pseudônimo “D. Beatriz”. 

Em Ouro Preto, destacou-se como educadora: fundou e dirigiu uma escola para meninas, onde lecionava leitura, escrita, música e línguas estrangeiras. Seu prestígio intelectual era tal que, em concursos públicos para professoras de primeiras letras, Beatriz participou como examinadora. 

Casou-se em 20 de maio de 1813 com o alferes Vicente Batista Rodrigues Alvarenga, mas a união não teve filhos. O casamento se deteriorou, e ela pediu o divórcio em 1832; ele só foi concedido em 19 de janeiro de 1839. Após a separação, mudou-se para o Rio de Janeiro, acompanhada de familiares, onde viveu seus últimos anos e continuou ativa como poetisa. 

Beatriz Brandão faleceu em 5 de fevereiro de 1868, segundo algumas fontes. Outras registram sua morte em 5 de março de 1868. Ao longo da vida, publicou poesia, traduziu textos literários, e contribuiu para o debate intelectual de seu tempo - tudo isso ocupando um espaço raro para mulheres no Brasil oitocentista: o de intelectual, educadora e poeta, alguém que desafiou os papéis convencionais de gênero e deixou uma obra literária e pedagógica.

Obra e poemas

Beatriz Brandão publicou grande parte de sua obra em periódicos da época, como o Marmota Fluminense, entre 1852 e 1857. Algumas de suas obras foram reunidas em coletâneas literárias do século XIX. Publicou o livro 'Cantos da mocidade (1856)', coletânea poética marcada por temas como o amor, a virtude e a natureza, além de traduções de poesia e drama estrangeiros.

Poemas de 'Cantos da mocidade (1856)'
Jinzenji, M. Y. (2012). Leitura e escrita femininas no século XIX. cadernos pagu, 367-394.
Pereira, C. G. (2010). A poesia esquecida de Beatriz Brandão (1779–1868). Navegações, 3(2), 1–12.
Priamo, F. P., Gonçalves, L. P., & de Almeida Nogueira, N. H. (2008). O Belo Sexo produz: a escrita feminina na sociedade oitocentista através do pensamento de Beatriz Brandão. CES Revista, 22(1), 181-196.
Priamo, F. P., Gonçalves, L. P., & de Almeida Nogueira, N. H. (2011). Literatura Imperial: a escrita poética feminina de Beatriz Brandão. CES Revista, 22(1), 181-196.