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Poema de Beatriz Francisca de Assis
Tudo dorme, ai de mim! tudo ressente
Da natureza o plácido repouso!
Só o meu triste coração saudoso
O suave descanso não consente!
Suportando da ausência a dor veemente,
Em mil suspeitas vaga receoso,
Contempla o amante pérfido, aleivoso
De outros braços cingido docemente.
Outros olhos nos seus estão fitados;
Outros lábios nos seus estão libando
Seus suspiros a outros misturados.
E em quanto outros carinhos desfrutando
Se esquece de meus cândidos agrados,
Eu, triste e solitária, estou chorando!
Fonte: "Cantos da Mocidade", Casa Imperial, 1856.
Originalmente publicado em: "Cantos da Mocidade", Casa Imperial, 1856.