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Poema de Beatriz Francisca de Assis
Se amor não se explica
Na dor, no queixume.
Se é crime o ciume,
Onde existe amor?
Se devo em meu peito
A dor sufocar,
Se devo estalar...
Quanto é duro amor!
Amar desta sorte,
Que lei tão cruel!
A um peito fiel
Que conhece amor!
Ah! quebrem-se os tacos,
Os laços fatais!
Minh'alma jamais
Suspire de amor.
Apague-se a chama
Qu'est'alma devora;
Já desde esta hora
Renuncio amor.
Esqueça o afeto,
Esqueça a ternura,
Já que fé tão pura
Não compensa amor.
Já livre respiro,
Oh céus, que ventura!
Voou a amargura
Nas asas de amor!
Fugiu de meu peito
O deus fraudulento,
Cessou meu tormento,
Já não sinto amor.
Já posso indiferente
Ver em novos laços. . .
Oh céus! noutros braços
O meu doce amor?
Ah! torna a meu peito,
Perdoa os meus zelos,
Meus caros desvelos,
Meu único amor.
Fonte: "Cantos da Mocidade", Casa Imperial, 1856.
Originalmente publicado em: "Cantos da Mocidade", Casa Imperial, 1856.