Os Suspiros

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Poema de Beatriz Francisca de Assis



Cansados suspiros
De amor desafogo;
Ocultai o fogo
Que vos fez nascer,
Antes que a saber
Venham meu penar.

Calai-vos, suspiros,
Guardai-me segredo,
Que até tenho medo
Que algum passarinho
Naquele raminho
Me esteja a escutar.

Tornai, meus suspiros,
A entrar no peito;
Evitai o efeito
Da maledicência,
Tende paciência
Com tanto penar.

Queixosos suspiros,
Por que repugnais?
As ânsias mortais
Vos lançam de dentro?
Buscai vosso centro,
Tornai a entrar.

Ó tristes suspiros!
Relíquias de amor!
Correios da dor!
Porque, imprudentes,
Meus males veementes
Quereis publicar?

Calai, meu suspiros;
Não mais demonstreis
Os males cruéis
Que assim delirantes
Vos fazem incessantes
Do peito brotar.



Fonte: "Cantos da Mocidade", Casa Imperial, 1856.
Originalmente publicado em: "Cantos da Mocidade", Casa Imperial, 1856.

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