Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida, poeta da transição do naturalismo brasileiro.

Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida foi uma das primeiras escritoras a lutar por espaço em um meio literário dominado por homens na virada do século XIX para o XX.

Biografia

Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida nasceu em 1862, na cidade do Rio de Janeiro. Seus pais eram portugueses que imigraram para o Brasil e fundaram um colégio - primeiro em Macaé e, depois, no Rio - o Colégio de Humanidades. O pai formou-se em medicina e, em 1870, transferiu-se com a família para Campinas, onde fundou um hospital.

Assim como as irmãs, Júlia se interessou cedo pela literatura e pela escrita, publicando seu primeiro artigo em um jornal campineiro em 1881. Três anos depois, estreou como cronista do jornal "O País", do Rio de Janeiro, colaboração que manteria por mais de trinta anos e que marcaria sua longa carreira no jornalismo, estendida por inúmeros veículos da imprensa brasileira e portuguesa.

Mudou-se para Lisboa em 1886, onde lançou, em parceria com a irmã, o primeiro livro, Contos Infantis. Passou a escrever também para a revista A Semana, na qual conheceu o escritor português Filinto de Almeida. Em 1887, casaram-se em Portugal, união da qual nasceram três filhos.

De volta ao Brasil, tornou-se figura central no meio literário e participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, sendo inicialmente indicada para ocupar uma das cadeiras. Contudo, sua entrada não se concretizou porque parte dos fundadores argumentou que, na França - cujo modelo de academia se copiava -, mulheres não eram admitidas. Prevalecia a visão de que a literatura era um território masculino.

Apesar disso, Júlia construiu uma produção literária prolífica, abrangendo romances, contos, drama e poesia, e consolidou-se como uma das principais intelectuais brasileiras de seu tempo. Além de apoiar o republicanismo e a abolição, ela atuou também pela ampliação do espaço das mulheres na sociedade, dentro de uma perspectiva marcadamente positivista, segundo a qual a educação feminina deveria prepará-las para formar bons cidadãos.

Sua atuação atravessou causas sociais, debates culturais e abriu espaço para a afirmação das escritoras na cena literária brasileira do fim do século XIX e início do XX. Júlia faleceu em 1934, no Rio de Janeiro, em decorrência de complicações provocadas pela febre amarela.

Obras e poemas

Do livro 'A Árvore', 1906
Azevedo, S. M. (2018). Júlia Lopes de Almeida conferencista. Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social, 24, 165-177.
Costruba, D. A. (2009). Júlia Lopes de Almeida e a literatura de o Livro das Noivas (1896). Baleia na Rede, 1(6).
Da Silva, S. C., & Pinheiro, A. S. (2018). Escritora e testemunha: Júlia Lopes de Almeida e a transição do século XIX para o XX. Revista Água Viva, 3(3).
de Castro Garzoni, L. (2014). Feminismo e racismo no romance A Intrusa de Julia Lopes de Almeida. Revista Grafía-Cuaderno de trabajo de los profesores de la Facultad de Ciencias Humanas. Universidad Autónoma de Colombia, 11(1), 44-60.
De Luca, L. (1999). O “feminismo possível” de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934). cadernos pagu, (12), 275-299.
De Luca, L. (2011). Feminismo e Iluminismo em Júlia Lopes de Almeida (1862-1934). Ciência & Trópico, 25(2).
Engel, M. G. (2009). Júlia Lopes de Almeida (1862-1934): uma mulher fora de seu tempo?. La manzana de la discordia, 4(2), 25-32.
Fanini, M. A. (2018). Júlia Lopes de Almeida em cena: notas sobre seu arquivo pessoal e seu teatro inédito. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, (71), 95-114.
França, J., & SANTOS, A. (2016). A representação da heroína gótica em “Os Porcos”, de Júlia Lopes de Almeida. Trem de Letras, 1(3), 4-14.
Mendonça, C. T. (2003). Júlia Lopes de Almeida: a busca da liberação feminina pela palavra. Revista Letras, Curitiba, n. 60, p. 275-296.
Sadlier, D. (1993). Modernidade e feminino em Eles e Elas de Júlia Lopes de Almeida. Travessia, (26), 233-242.