Árvore solitária
Poema de Júlia Lopes de Almeida
Faz-me mal o avistá-la, desfolhada,
No largo espaço da planície, aquela
Árvore solitária, sentinela
Das longínquas florestas avançada.
Batida pela ríspida procela,
Esquelética, anosa e desolada,
Não sei que angústia sinto na alma ao vê-la
Os braços contorcer, desesperada!
Dão-lhe não sei que trágica beleza
Os gestos com que invoca a imensidade
Numa revolta contra a Natureza!
Assim da Terra em vão se eleva, insana,
Para o Amor, para o Bem, para a Verdade
A ânsia impotente da vontade humana!
Fonte: "A Árvore", Livraria Francisco Alves, 1916.
Originalmente publicado em: "A Árvore", Livraria Francisco Alves, 1916.