Donga
Donga
Donga foi um dos principais músicos que contribuíram para a música popular brasileira e levaram à origem do samba urbano.
Biografia
Ernesto Joaquim Maria dos Santos nasceu no Rio de Janeiro em 1890. Filho de Pedro Joaquim Maria e Amélia Silvana de Araújo. Donga teve oito irmãos. O pai era pedreiro e tocava bombardino nas horas vagas; a mãe era a famosa Tia Amélia do grupo das baianas da Cidade Nova, que organizava festas, rodas de música, cultos religiosos afro-brasileiros, além de blocos e ranchos carnavalescos. Desde menino se envolveu com os blocos de carnaval. Cresceu num ambiente musical, repleto de elementos africanos e da cultura rural brasileira, que os imigrantes traziam para o Rio de Janeiro, então capital federal. Ainda na infância aprendeu a tocar violão e cavaquinho. Junto ao grupo de jovens músicas que frequentavam as reuniões da Cidade Nova, Donga iniciou sua carreira musical. Conheceu e tornou-se amigo de Pixinguinha, com quem desenvolveria uma longa parceria. Entre 1913 e 1914, compôs o grupo Caxangá, tocando, a princípio, ritmos do nordeste do país. Em 1916, registra, em parceria com Mauro de Almeida, a primeira composião classificada como samba - mas ainda um tango brasileiro -, 'Pelo telefone', que viria a ser o grande sucesso do carnaval no ano seguinte. Integrou, em 1918, o grupo 'Oito Batutas', formado para tocar na sala de espera do Cine Palais, e depois com temporadas pelo país e no estrangeiro, em Paris e em Buenos Aires. Retornou em turnê pela Europa em 1926, quando participava do grupo Carlito Jazz. Em 1928, formou a 'Orquestra Típica Pixinguinha-Donga', lançando diversos discos na década seguinte. Junto a Pixinguinha, fundou os grupos Diabos do Céu e Guarda Velha, apresentando-se em diversas emissoras de rádio e acompanhando intérpretes em gravações. Donga casou-se com Zaíra Oliveira, cantora lírica laureada pelo Instituto Nacional de Música, em 1932, tendo uma única filha. Por volta da década de 1940, conseguiu emprego como oficial de uma das varas da Justiça Pública, profissão na qual se aposentaria. Em sua casa, recebia literatos e músicos. Ele e a mulher ajudaram financeiramente a Jacob do Bandolim, inclusive para que ele obtevesse um emprego no judiciário. A convite de Heitor Villa-Lobos, participou, junto com outros músicos, de um encontro com um maestro inglês radicado nos Estados Unidos, do que resultou a gravação de um disco, em 1942. Perdeu sua esposa em 1951, casando-se, pela segunda vez, dois anos depois. No mesmo ano, junto a Pixinguinha e outros companheiros, formou o grupo 'Velha Guarda', que ficaria ativo até 1958, apresentando-se em espetáculos e programas de rádio. Viveu os últimos dias no Retiro dos Artistas, adoentado e quase cego. Faleceu aos 85 anos, em 1974.Obras
Quando você morrer | Pelo telefone | Passarinho bateu asa | Mexeriqueiro | Macumba de Iansã | Eu não sou arara | Cantiga de festa | Se você quiser | Tira o meu nome do meio | Seu Mané Luiz | Que querê | Vi o pombo gemê | Patrão, prenda seu gado | O malhador | Já andei
Para consultar
Borges, G. C. C. (2017). “Pelo Telefone” e a trajetória do samba entre a tradição e a modernidade. Boitatá, 12(23), 58-73.
Carvalho, W. L. S. M. (2024). O Bleforé e Pelo Telefone no contexto do samba urbano soteropolitano (1918). XXXIV Congresso da ANPPOM.Coelho, Renato. (2024). Há 50 anos o Brasil se despedia de Donga, pioneiro do samba. Jornal da Unesp.
de Moraes, J. G. V. (2010). E" Se Você Jurar"," Pelo Telefone", que estou na Missão de Pesquisas Folclóricas?. Revista USP, (87), 172-183.
