Nestor Vítor

Nestor Victor, poeta do simbolismo brasileiro.

Nestor Victor

Um dos pioneiros do simbolismo no Brasil, Nestor Victor, além de poeta e escritor, foi também importante para o desenvolvimento da crítica literária nacional.

Biografia

Nestor Victor dos Santos Ferreira nasceu em 12 de abril de 1868, em Paranaguá, estado do Paraná, onde realizou o curso primário. Mudou-se para Curitiba para concluir os estudos no Instituto Paranaense. Aos 20 anos, ocupou o cargo de secretário da Confederação Abolicionista do Paraná, envolvendo-se ativamente nas manifestações abolicionistas e republicanas, inclusive como orador em praça pública.

Mudou-se, em 1888, para o Rio de Janeiro, a fim de frequentar um externato preparatório para a Escola Politécnica. Nesse mesmo ano conheceu Cruz e Sousa, com quem travou forte amizade intelectual, e assumiu a direção de um jornal paranaense de oposição ao governo do estado. Fixou-se definitivamente no Rio em 1891, participando dos círculos literários cariocas e aproximando-se de escritores simbolistas, com os quais colaboraria intensamente nas décadas seguintes.

Casou-se no ano seguinte, tendo oito filhos. Colaborava com diversos jornais do Rio e do Paraná, destacando-se pela crítica literária rigorosa e pelo entusiasmo com o movimento simbolista, que ajudou a difundir no país. Em 1894, foi nomeado vice-diretor do Internato do Ginásio Nacional - atual Colégio Pedro II -, onde lecionou várias disciplinas do curso de Letras. Estreou na literatura em 1897 com um livro de contos, e produziu, ao longo da década, ensaios e artigos sobre estética, literatura e educação.

Após a morte do amigo Cruz e Sousa, cuja obra defendeu energicamente, Nestor Vítor demitiu-se do Ginásio Nacional e viajou para Paris, auxiliado financeiramente pelo irmão. Permaneceu na França entre 1902 e 1905, servindo como funcionário do Consulado do Brasil em Paris. Nesse período publicou seu único livro de poesia, "Transfigurações", obra de inspiração simbolista que marcou sua atuação como poeta, ainda que sua reputação se consolidasse sobretudo como crítico.

De volta ao Rio de Janeiro, dedicou-se novamente ao magistério e intensificou sua produção como crítico e ensaísta. Assinou uma seção de crítica literária no jornal "Os Anais" e tornou-se crítico titular do jornal "O Globo", desempenhando papel central na consolidação do simbolismo e na valorização de autores como Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. Elegeu-se, em 1917, deputado do Congresso Legislativo do Paraná, mantendo intensa atividade intelectual e política.

Continuou lecionando e publicou livros de diversos gêneros - crítica, memórias, ensaios e biografias - até falecer, em 1932, no Rio de Janeiro.

Obras e poemas

Do livro Transfigurações, 1902

Para consultar

Edições digital de sua obra poética está disponível na Biblioteca Brasiliana USP.

Para aprofundar o estudo sobre Nestor Victor:

Barreto. Revista Escritos 4. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, pp.
23-60.
Braga-Pinto, C. (2012). A Paris de Nestor Vitor e o Mundo de Pascale Casanova. Remate de Males, 32(1), 117-135.
Lins, V. (2007). Os Simbolistas: virando o século. O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 14, 113-125.
Lins, V. (2014). O crítico como artista. Teresa: Revista De Literatura Brasileira, 14, 131-139.
Neves, R. da F. (2019). Presença do Simbolismo nos contos de Nestor Victor. Gláuks - Revista De Letras E Artes, 18(2), 10–26.
Neves, R. da F. (2020). A Formação Intelectual de Nestor Victor: caminhos para o Sincretismo. outra travessia, 2(30), 154-170.
Neves, R. da F. (2021). O espiritualismo no pensamento de Nestor Victor: modos de ler literatura. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 11(25), 249–272.
Gama, Z. M. F. (2020). Leituras de Signos, de Nestor Victor, e o caso da novela “Sapo”. Revista Diadorim, 22(1), 441-459.