Transfiguração

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Poema de Nestor Victor



Tudo dorme em silêncio. A luz é extinta.
No entanto, a construir o meu castelo,
Olhos ardentes, sem que alguém pressinta,
Fita a pupila, há muito tempo eu velo.

Projeto coisas de Arte. E não se pinta,
Mesmo empregando-se o maior desvelo,
A qualquer um que o não conheça e sinta,
Este prazer de louco, estranho e belo.

E quando, então, já sem saber, eu piso
Como quem vai por outrem arrastado,
Apalpo a mesa, sento-me indeciso...

Só se estivésseis, vós que ouvis, ao lado,
Vendo o meu gesto e a cor do meu sorriso,
Para ficardes álgido e pasmado!...



Fonte: "Transfigurações", H. Garnier, 1902.
Originalmente publicado em: "Transfigurações", H. Garnier, 1902.

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