João da Baiana
João da Baiana
João da Baiana é lembrado por ter introduzido a percussão no choro. Tocava pandeiro e outros instrumentos, além de compor inúmeras músicas.
Biografia
João Machado Guedes nasceu em 1887 no Rio de Janeiro. Era o caçula de 12 filhos de migrantes baianos estabelecidos na então capital federal. Sua mãe era uma das quituteiras baianas famosas dos bairros da Cidade Nova e Saúde, onde grupos musicais se reuniam. Ganhou por isso o apelido de "João da Baiana".
Envolveu-se com música desde a infância, por meio das rodas que se organizavam nos quintais das casas do bairro, quando aprendeu a tocar o pandeiro. Participava dos blocos e ranchos carnavalescos. Começou a trabalhar muito jovem, como aprendiz na Marinha e no Exército. Mais tarde, desenvolveria carreira na estiva do cais do porto, sua principal fonte de renda.
João compunha músicas e cantava. Além do pandeiro, tocava vários instrumentos, como o prato-e-faca, típico do recôncavo baiano. Em 1908, seu pandeiro foi apreendido pela polícia, que costumava levar músicos do choro e do samba para a prisão por vadiagem. Ganhou um instrumento novo de um admirador, o senador e general Pinheiro Machado, que escreveu uma dedicatória assinada no couro do instrumento, de modo a que escapasse ileso de futuras batidas policiais.
Trabalhou no circo e participou de vários grupos musicais. Em 1922, a convite de Pixinguinha, compôs o grupo Oito Batutas, mas não os acompanhou nas viagens internacionais por causa de seu emprego no porto. Casou-se e teve dois filhos que morreram na infância.
Também integrou, entre outros, a Orquestra Victor Brasileira, os Diabos do Céu, o Grupo da Guarda Velha e a orquestra da Rádio Nacional. Na década de 1950, gravou quatro discos de pontos de macumba e candomblé, da série "João da Baiana no seu terreiro". Aposentou-se como fiscal do cais do porto. Em 1972, mudou-se para a Casa dos Artistas, onde faleceria dois anos depois.
Obras
Seu pai não quer | Cabloco do mato | Cabide de mulambo | Batuque na cozinha | Que querê | Vi o pombo gemê | Patrão, prenda seu gado | Já andei
Para consultar
Outras informações sobre João da Baiana estão no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
Estudos relacionados à João da Baiana:
Barsalini, L., & de Lima Brandão, R. A. (2021). Articulando o passado: Como a tradição pandeirística do choro é apropriada pela geração do Pandeiro Grave. In Anais do XXXI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. João Pessoa (pp. 1-12).
Cunha, M. C. P. (2008). "Não me ponha no xadrez com esse malandrão". Conflitos e identidades entre sambistas no Rio de Janeiro do início do século XX. Afro-Ásia, (38), 179-210.
de Brito Lyra, E. F., & da Camara, A. A. A. Falares africanos na música popular brasileira: o caso macumba carnavalesca Que querê, na gravação de 1931. Anais do 17º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ – Vol.1 – Educação Musical e Musicologia – p.77-95.
Souza, P. H. (2021). Por Brasis outros: modelos civilizacionais da Primeira República no Rio de Janeiro. XVII ENECULT - Encontro de Estudos Multidiciplinares em Cultura.
Vidili, E. M. (2018). Tensionando discursos relacionados ao pandeiro nas primeiras décadas do século XX. In XXVIII Congresso da ANPPOM-Manaus/AM.
Vidili, E. M. (2023). O “arquivo João da Bahiana”: considerações sobre a construção da memória da música popular brasileira. In XXXIII Congresso da ANPPOM.
