Ricardo Gonçalves

Ricardo Gonçalves, poeta do simbolismo e pré-modernismo brasileiro.

Ricardo Gonçalves

Poeta do final do século XIX e início do século XX, Ricardo Gonçalves foi autor de um único livro de poesia, publicado após seu trágico suicídio.

Biografia

Ricardo Mendes Gonçalves nasceu em São Paulo em 8 de agosto de 1883. Era o mais velho de seis filhos. Seu pai, engenheiro, teve curta carreira política e depois voltou a Ribeirão Preto para administrar uma fazenda, onde Ricardo passou parte da infância. Mudou-se para São Paulo para concluir os estudos preparatórios e matriculou-se, em 1905, na Faculdade de Direito de São Paulo.

Iniciou sua trajetória no jornalismo muito jovem, colaborando em periódicos paulistas. Em 1906, ao participar de uma greve de ferroviários em São Paulo, foi ferido por um tiro no braço. Entrou em contato com ideias do anarquismo e do socialismo; participou de comícios e teve publicações em periódicos ligados às lutas operárias.

Foi à Itália entre 1907 e 1908 e manteve diálogos com correntes políticas e culturais europeias que influenciaram sua produção. Somente concluiu o curso de Direito em 1912, passando a exercer a advocacia. Contribuía com diversos jornais e revistas, onde publicava poesia. Em 1916 foi eleito vereador na Câmara Municipal de São Paulo.

Conheceu Maria do Carmo, que havia recentemente se separado do marido. Os dois passaram a viver amasiados numa chácara em São José dos Campos e tiveram dois filhos. Mudaram-se, depois, para São Paulo, onde a filha adoeceu. Maria do Carmo teve um relacionamento com o médico que vinha frequentemente tratar a filha.

Ao ter conhecimento da traição, e após o falecimento da filha, Ricardo decidiu matar a companheira e em seguida se suicidar. Despachou o filho para a fazenda da sogra. Em 1916, no Hotel Brasil, em São Paulo, obteve uma confissão de Maria do Carmo de que ela o traía.

Combinaram que ela tomaria clorofórmio e Ricardo a mataria a tiros, suicidando-se em seguida. Mas enquanto ela escrevia uma carta de despedida à mãe, ele antecipou o ato, desfechando-lhe um tiro e se matando. Maria do Carmo, em estado grave, foi internada na Santa Casa de Misericórdia.

Ele deixou um conjunto de poemas disperso entre cadernos e periódicos, que planejava reunir em livro, mas não chegou a fazê-lo em vida. O volume "Ipês" saiu postumamente em 1921, organizado e prefaciado por Monteiro Lobato.

Obras e poemas

Do livro 'Ipês' - única obra do autor, publicada postumamente por seu amigo Monteiro Lobato, 1921

Para consultar

Edições digitais de suas obras estão disponíveis na Biblioteca Brasiliana USP.

Para aprofundar o estudo sobre Ricardo Gonçalves:

Maia, S. R. (2015). A Scisma do Caboclo. Mafuá, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, n. 23. 
Prado, A. A. (1985). Outra face da revolta: Ricardo Gonçalves. Remate de Males, 5, 7-17.