Serenata

Viriato Correa

Poema de Viriato Corrêa




Prateia a serra,
Tudo prateia
O luar branco
De minha aldeia.

Em minha terra,
Quando a lua sobe a serra
A saudade se descerra
Dos confins do coração.
A natureza
Fica muda, fica presa
Enlevada na beleza
Do luar do meu sertão!

Pela calada
D’uma noite enluarada,
O magote da boiada
Fica olhando para o céu.
Se o vaqueiro
Vem subindo pelo outeiro,
Vendo a lua, sorrateiro,
Ergue a mão, tira o chapéu.

Prateia a serra,
Tudo prateia
O luar branco
De minha aldeia.

Lá na campina,
Quando a lua se reclina,
Geme a pomba, a sururina,
Canta e geme o pecoá…
Nas bananeiras
Cantam as rolas cantadeiras,
Lá no topo das palmeiras
Assobia o sabiá…

Em minha aldeia,
Quando brilha a lua cheia,
A matuta sapateia
No requebro do baião.
E ao som do pinho
Da viola e cavaquinho,
Tudo baila à luz do linho
Do luar do meu sertão.

Prateia a serra,
Tudo prateia
O luar branco
De minha aldeia.



Fonte: "Acervo Digital Chiquinha Gonzaga", 2011.
Originalmente publicado em: Teatro São José, 1915.
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