Canção da sertaneja
Poema de Viriato Corrêa
Sou mulata, sou mulata
A alma tenho cor de prata, Ioiô!
Os olhos cor de carvão…
Quem se deita no meu seio
Fica zonzo, fica alheio, Sinhô!
Fica manso como um cão!
Ai, que perigo, que perigão
Ai, que mulata! que mulatão!
O meu cabelo ondeado
Vive sempre perfumado, Ioiô!
Da gente se embriagar…
Minha camisa de rendas
Tem buraquinhos e fendas, Sinhô!
Para o seio respirar
Ai, que perigo, que perigão
Ai, que mulata! que mulatão!
Minha pele é como brasa
Como pimenta de casa, Ioiô!
Que a gente cuida do pé
Queima mesmo como ortiga
Mas cheira como uma figa, Sinhô!
Uma figa da Guiné!
Ai, que perigo, que perigão
Ai, que mulata! que mulatão!
Fonte: "Acervo Digital Chiquinha Gonzaga", 2011.
Originalmente publicado em: Teatro São José, 1915.