Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos, poeta do simbolismo brasileiro

Augusto dos Anjos

Unindo um lirismo sombrio a termos científicos, Augusto dos Anjos criou uma poesia simbolista peculiar, marcada pelo pessimismo e pela morte.

Biografia

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 20 de abril de 1884, no Engenho Pau d’Arco, em Sapé, na Paraíba. Seu pai, engenheiro e proprietário rural, foi também o principal responsável por sua educação inicial. Augusto cursou, na capital do estado, o Liceu Paraibano. Entre 1903 e 1907, frequentou a Faculdade de Direito do Recife, onde entrou em contato com o positivismo - doutrina de forte presença na instituição e que influenciaria seu pensamento e, mais tarde, a linguagem científica de sua poesia.

Depois de formado, retornou à João Pessoa, empregando-se como professor de Literatura no Liceu Paraibano. Casou-se em 1910 e teve três filhos, sendo que o primeiro tenha morrido ainda na infância. Antes do casamento, teve outros relacionamentos - incluindo um possível caso de incesto entre ele e a irmã - e reconheceu um filho extraconjugal.

Por desentendimentos com o governador da Paraíba, demitiu-se e mudou-se com a família, ainda em 1910, para o Rio de Janeiro. Na capital federal, trabalhou como professor substituto de Geografia, Cosmografia e Corografia do Brasil no Ginásio Nacional, além de ministrar aulas particulares para complementar a renda. Esse período foi marcado por dificuldades materiais, mas também por grande produção literária.

Dois anos depois, com ajuda financeira do irmão, publicou seu único livro de poesia, "Eu" (1912). A obra, repleta de termos científicos, imagens de decomposição, reflexões sobre morte, dor e destino biológico do homem, foi recebida de maneira bastante negativa pela crítica da época, que a considerou estranha, exagerada e distante dos padrões literários vigentes. Hoje, porém, "Eu" é visto como um dos livros mais originais da literatura brasileira, situado entre o Pré-Modernismo, o Simbolismo tardio e uma estética singular que muitos chamam de “poesia científica”.

Por indicação de um cunhado, assumiu o cargo de diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, em Leopoldina, Minas Gerais, para onde se transferiu com a família. A vida na cidade foi breve, mas marcou seus últimos anos de atividade intelectual. Em 1914, Augusto dos Anjos contraiu pneumonia e faleceu aos 30 anos. Após sua morte, parte de sua obra dispersa foi reunida e preservada, em grande medida graças ao trabalho de seu filho caçula, Guilherme dos Anjos, responsável por organizar manuscritos, depoimentos e documentos relacionados ao poeta.

Obra e poemas

Do livro 'Eu', 1912
De Souza, L. C., Salgado, A. C. S., Daker, M. V., Cardoso, F., & Teixeira, A. L. (2018). A poética de Augusto dos Anjos ea neuropsiquiatria no fin de siècle. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 25(1), 163-179.
Fischer, L. A., & Ponge, R. C. (1994). Augusto dos Anjos: surrealista?. Organon. Porto Alegre. Vol. 8, n. 22 (1994), p. 207-215.
Lima, L. C. (2014). Augusto dos Anjos: A origem como extravio. Matraga-Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 21(35).
Micheletti, G., & Ignez, A. F. (2014). Augusto dos Anjos: um eu em conflito. MATRAGA, Rio de Janeiro, 21(35), 47-67.
Nazareth, D. C. (2019). Augusto dos Anjos: um olhar sobre a primeira recepção de sua obra. Navegações, 12(1), e32270. 
Neto, H. D. (1997). A recepção crítica à obra de Augusto dos Anjos. Anuário de Literatura, 225-240.
Neto, H. D. (1998). O expressionismo na poesia de Augusto dos Anjos. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 6, n. 6, p. 117–130.
Pinto, U. M. (2007). Sobre a catarse de Augusto dos Anjos. Nau Literária, 3(2).
Rubert, N. M. A. (2013). O lugar de Augusto dos Anjos na poesia brasileira. Revista Literatura Em Debate, 5(9), p. 143–154. 
Sabino, M. P. (2005). A questão da religiosidade em Augusto dos Anjos. Letras & Letras, 21(2).
Santos, F. R. da S. (2020). Alegoria e modernidade em Augusto dos Anjos. ANTARES: Letras E Humanidades, 12(27), 21–42.