O sono - Murilo Mendes
Poema de Murilo Mendes
Dorme.
Dorme o tempo em que não podias dormir.
Dorme não só tu,
Prepara-te para dormir teu corpo e teu amor contigo.
Dorme o que não foste, o que nunca serás.
Dorme o incêndio dos atos esquecidos,
A qualidade a distância o rumo do pensamento.
O pássaro magnético volta-se,
As árvores trocam os braços,
O castelo parou de andar.
As árvores trocam os braços,
O castelo parou de andar.
Dorme.
Que pena não poder me ver - puro - dormindo.
Fonte: "Poesia completa e prosa", Nova Aguilar, 1994.
Originalmente publicado em: "Poesia liberdade", Editora Globo, 1945.
