Retrato 2º de Anarda - Alvarenga Peixoto
Poema de Alvarenga Peixoto
Formosa Anarda,
Não é tão bela
No Céu a Estrela
No Campo a Flor.
É justo que arda,
Formosa Anarda
Quem te conhece
De puro amor.
Todos suspiram
O teu favor.
São teus Cabelos
Livres de Ensaios
Os soltos raios
Do louro sol.
Fugi Pastores
Que o lugar vedes
Aonde as redes
Estende Amor.
Há de enlaçar-te
Qualquer que for.
A branca testa,
Gentil Pastora,
Parece a Aurora
No claro Céu.
E só consente
Com Luzes belas
Duas Estrelas
Resplandecer.
A todos ouço
Assim dizer.
As Açucenas,
Juntas com Rosas
Nas melindrosas
Faces estão.
Tão confundidas
Tão misturadas
Que separadas
Jamais serão.
Quantos te virem
Assim dirão.
Na linda boca
Moram por centro
Pérolas dentro
Fora Rubis.
Se as doces vozes
Ouvir desejo
As Graças vejo
Dela sair.
A todos ouço
Dizer assim.
Móvel coluna
De branda cera
Tão Linda Esfera
Em si sustém
Porém se atento
Reparo nela
Ainda mais bela
A base tem.
Dizem-no todos
Quantos te veem.
Apetecido
Cruel, e Estreito
Cárcere o peito
Das Almas é.
Rematam essa
Gentil figura
Breve cintura,
Pequeno pé.
E isto é tudo
Quanto se vê.
Fonte: "Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto", Ateliê Editorial, 2020.
Originalmente publicado em: dispersos em obras como "Parnaso Brasileiro", "Novo Parnaso Brasileiro", "Miscelânea Poética", "Jornal Poético" e "Coleção de poesias", entre 1809 e 1855.
Breve cintura,
Pequeno pé.
E isto é tudo
Quanto se vê.
Fonte: "Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto", Ateliê Editorial, 2020.
Originalmente publicado em: dispersos em obras como "Parnaso Brasileiro", "Novo Parnaso Brasileiro", "Miscelânea Poética", "Jornal Poético" e "Coleção de poesias", entre 1809 e 1855.