* - Alvarenga Peixoto
Poema de Alvarenga Peixoto
Passa-se uma hora, e passa-se outra hora
Sem perceber-se, vendo os teus cabelos,
Passam-se os dias, vendo os olhos belos
Partes do Céu, onde amanhece a aurora.
A boca vendo, aonde a graça mora,
Mimosas faces, centro dos desvelos,
Vendo o colo gentil, de donde os zelos,
Por mais que os mandem, não se vão embora.
Que tempo há de passar? gasta-se a vida,
E a vida é curta, pois ligeira corre,
E passa sem que seja pressentida:
Ah Marília, Marília, quem discorre
Nas tuas perfeições, gostosa lida,
Que alegre vive! que insensível morre!
Fonte: "Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto", Ateliê Editorial, 2020.
Originalmente publicado em: dispersos em obras como "Parnaso Brasileiro", "Novo Parnaso Brasileiro", "Miscelânea Poética", "Jornal Poético" e "Coleção de poesias", entre 1809 e 1855.