* - Alvarenga Peixoto
Poema de Alvarenga Peixoto
Chia de dia pela rua o carro,
Tine de noite da corrente o ferro;
Aqui me estruge do soldado o berro,
Acolá me ronca do oficial o escarro:
Uns trabalham na cal, outros no barro,
Fugiu a vadiação, pôs-se em desterro:
O soldado ali faz justiça ao erro,
E a cada canto com galés esbarro.
Não há milho, feijão, não há farinha,
O ronceiro de medo a tropa arreia
A nova lutaria se avizinha.
Vê-se a porta de mendigos cheia
E perguntada a causa desta tinha
Toda a gente me diz, - Faz-se a Cadeia.
Fonte: "Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto", Ateliê Editorial, 2020.
Originalmente publicado em: dispersos em obras como "Parnaso Brasileiro", "Novo Parnaso Brasileiro", "Miscelânea Poética", "Jornal Poético" e "Coleção de poesias", entre 1809 e 1855.