Poema X, Canto Primeiro
Poema de Jorge de Lima
Os rios que passam,
os rios que descem,
já foram cantados
por muitos.
Os rios parados
na face do tempo,
porém mais velozes,
são rios.
por muitos.
Os rios parados
na face do tempo,
porém mais velozes,
são rios.
Os seus afogados
jamais conseguiram
descer apressados
pra o mar.
As luas que neles
se espelham constantes
não têm suas fases,
não mudam.
Pois que esses rios
são rios do espaço
com as águas do tempo
velozes.
Mas se eles parassem
abaixo das faces...
Que parem! Quem importa!
Eu não.
Mas se êles corressem
com as faces passadas,
presentes, futuras,
seriam.
seriam.
Os rios não são
parados ou rápidos,
alegres ou tristes,
são rios.
Fonte: "Invenção de Orfeu", Tecnoprint Gráfica, 1967.
Originalmente publicado em: "Invenção de Orfeu", Livros de Portugal S. A, 1952.