Poema III, Canto Décimo


Poema de Jorge de Lima



No bojo dessa noite
passadas vão e vêm.
Escuta: há um presságio
ou nova rosa abrindo
depois das rosas de
tentáculos famintos.
Há qualquer coisa abrindo
corolas ou abraços;
no bojo dessa noite
vão passos e vêm passos,
palavras acendidas,
casulos acordados
ou há indícios de
nascente orogenia
no bojo dessa noite.




Fonte: "Invenção de Orfeu", Tecnoprint Gráfica, 1967.
Originalmente publicado em: "Invenção de Orfeu", Livros de Portugal S. A, 1952.