Poema I, Canto Terceiro



Poema de Jorge de Lima



Caída a noite
o mar se esvai,
aquele monte
desaba e cai
silentemente.

Bronzes diluídos
já não são vozes,
seres na estrada
nem são fantasmas,
aves nos ramos

inexistentes;
tranças noturnas
mais que impalpáveis,
gatos nem gatos,
nem os pés do ar,
nem os silêncios.

O sóno está.
E um homem dorme.




Fonte: "Invenção de Orfeu", Tecnoprint Gráfica, 1967.
Originalmente publicado em: "Invenção de Orfeu", Livros de Portugal S. A, 1952.