Gavião calçudo


Poema de Cícero de Almeida



Chorei
porque
fiquei
sem meu amor
O gavião marvado
bateu asa, foi com ela
e me deixou.

Quem tiver mulher bonita,
esconda do gavião.
Ele tem unha comprida,
deixa o marido na mão.
Mas viva quem é solteiro,
não tem amor nem paixão.
Vocês que são casados,
cuidado com o gavião.

Chorei
porque
fiquei
sem meu amor
O gavião marvado
bateu asa, foi com ela
e me deixou.

O culpado disso tudo
é o marido de agora.
A mulher anda na rua
com as canelas de fora.
Gavião, tomando cheiro,
vem descendo sem demora.
Garra a mulher pelo bico,
bate asa e vai simbora.




Fonte: "Acervo Digital Pixinguinha", 2023.
Originalmente publicado em: disco Parlophon 12.916-A, 1929.