*
Poema de Mário de Andrade
Vossos olhos são um mate costumeiro.
Vossas mãos são conselhos que é indiferente seguir.
Gosto da vossa boca donde saem as palavras isoladas
Que jamais não ouvi.
Porém o que eu adoro sobretudo é vosso corpo
Que desnorteia a vida e poupa as restrições.
Ôh, doce amiga! vossos castos espelhos de aurora
Despejam sobre mim paisagens e paisagens
Em que passeio feito um rei sem povo,
Cortejado por noruegas, caponetes e caminhos,
- Os caminhos incompetentes que jamais não me conduzirão a alguém!...
Fonte: "Poesia completa", Editora Itatiaia, 1987.
Originalmente publicado em: "Remate de males", 1930.