Prelúdio n. 3


Poema de Guilherme de Almeida



Eu achei na minha terra a frauta de Pan.

Vem ouvir cantar a avena pagã
na ventania
que encanada nos barrancos assovia,
nos bambus acrobáticos vergados,
no estrondo dos rios despedaçados,
nas várzeas trêmulas e sibilantes de arrozais,
no vento cheio de vogais
que chove nas folhas dos canaviais
e conta histórias de bruxas nas casas de telha-vã.

Eu achei a frauta de Pan.




Fonte: "Toda a poesia", Livraria Martins, 1955.
Originalmente publicado em: "Meu", Tipografia José Napoli & Cia, 1925.