Fevereiro

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Poema de Myriam Fraga



O sol divide o mundo
Em dois luzeiros,

Metade ainda é febre,
A outra metade
É fogo devorando
Seus altares.

Arcano é o tempo,
Anil sem asas,
No azul fuzilante
Das mortalhas.

Leão coroado, o sol,
Com suas garras,
Separa devagar
Vagos despojos.

Púrpura é o limite,
Som de prata lavada.

Ao cintilar dos clarins
O dia explode,
E uma estrela de cinzas
Desenha-se na cara.




Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "Femina", Fundação Casa de Jorge Amado/Copene, 1996.