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Poema de Myriam Fraga



O vinho
Que eu bebo
É o preço
De um homem.

O prato que eu como,
Sem fome,
É o salário
Da fome
De um homem.

Mas

O sonho que eu travo
Com fúria nos dentes

É somente a metade
Do sonho
De um homem.




Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "As purificações ou O sinal de talião", Civilização Brasileira, 1981.