Frutos
Poema de Olga Savary
Não me agradam os frutos ainda verdes.
Aquele que me agrada é belo como
um fruto maduro, até passado.
O que me agrada tem na saliva
o odor da seiva da caneleira.
O que me agrada ruge palavras
- estas - secretas e devassas.
Aquele que amo desencadeia
em mim e nele esta paixão
na interpenetração de seda
e violência.
O que me agrada, toda úmida,
me faz bela como nenhuma outra,
tendo minhas pernas coroando
suas ilhargas.
Fonte: "Repertório selvagem - obra reunida", Biblioteca Nacional/ Multi Mais/ Universidade de Mogi das Cruzes, 1998.
Originalmente publicado em: "Magma", Massao Ohno/Roswitha Kempf Editores, 1986.